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Você pode estar falando errado: 12 ditados populares distorcidos ao longo do tempo

Provérbios que atravessaram gerações acabam muitas vezes modificados com o passar dos anos. Descubra os erros mais comuns e os significados originais de expressões do dia a dia

Os ditados populares são parte essencial da cultura brasileira. Repletos de sabedoria popular, humor e crítica social, esses provérbios resistem ao tempo, mas não são imunes a transformações. Muitas expressões passaram por mudanças tão profundas que a forma errada acabou se tornando natural.

Alguns exemplos surpreendem. Você sabia que o certo é ‘esculpido em carrara’ e não ‘cuspido e escarrado’? Veja outros 11 casos de expressões que você provavelmente tem usado de forma equivocada, e entenda suas verdadeiras origens:

1) ‘Cuspido e escarrado’

Errado: Cuspido e escarrado
Certo: Esculpido em carrara

A expressão, do português arcaico, é usada para indicar grande semelhança entre pessoas.

2) ‘Cor de burro quando foge’

Errado: Cor de burro quando foge
Certo: Corro de burro quando foge

A forma correta expressa confusão e rapidez, como alguém que sai correndo sem entender o que está acontecendo.

3) ‘Quem tem boca vai a Roma’

Errado: Quem tem boca vai a Roma
Certo: Quem tem boca vaia Roma

Neste caso, ‘vaia’ vem de vaiar. A ideia é que quem tem voz se expressa, inclusive para protestar, como na Roma antiga.

4) ‘Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão’

Errado: Esparrama
Certo: Espalha a rama

A forma correta faz referência às ramas da planta da batata, que se espalham pelo solo quando ela cresce.

5) ‘Hoje é domingo, pé de cachimbo’

Errado: Pé de cachimbo
Certo: Hoje é domingo, pede cachimbo

Verso infantil que se perdeu com o tempo. A frase original faz referência ao hábito de fumar cachimbo aos domingos, como forma de lazer.

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6) ‘Ossos do ofício’

Errado: Ócios do ofício
Correto: Ossos do ofício

Embora alguns tentem corrigir para 'ócios do ofício’, a forma correta é ‘ossos do ofício’, referindo-se às dificuldades naturais de cada profissão.

7) ‘Quem não tem cão caça com gato’

Errado: Com gato
Certo: Caça como gato

A versão original fala sobre agir com astúcia e discrição, como fazem os gatos. Com o tempo, o ‘como’ virou ‘com’.

8) ‘Quem pariu Mateus que o balance’

Errado: Quem pariu Mateus que o balance
Certo: Quem pariu, que o mantenha e balance

A essência permanece: quem criou o problema, que o resolva. Mas a forma original era mais longa e direta.

9) ‘Parece que tem bicho-carpinteiro’

Ainda que muitos considerem a frase correta, há quem defenda a versão ‘bicho no corpo inteiro’. O dicionário Houaiss confirma: bicho-carpinteiro é um inseto que perfura madeira - o que faz sentido ao descrever alguém inquieto.

10) ‘Enfiou o pé na jaca’

A expressão popularmente aceita tem uma rival: ‘enfiou o pé no jacá', em referência aos cestos de palha deixados à porta de bares no passado. Ambas são usadas para descrever exageros, principalmente com bebida.

11) ‘Caiu no gosto do povo’

A forma original seria ‘cair no goto’, sinônimo de glote. Mas com o desuso da palavra, ‘gosto’ passou a ser usado, ainda que com outro significado, hoje mais relacionado a popularidade.

12) ‘Faca de dois legumes’

Errado: Faca de dois legumes
Certo: Faca de dois gumes

‘Gume’ é a parte cortante da lâmina. Ao ser substituído por “legumes”, criou-se uma versão cômica e bastante comum do ditado.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.