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Inteligência artificial prevê risco de AVC com imagem da retina

Tecnologia desenvolvida por cientistas chineses antecipa em até cinco anos a probabilidade de derrames com 90% de precisão em casos iniciais

Nova técnica pode revolucionar a prevenção do AVC

Um grupo de pesquisadores chineses desenvolveu um método inovador para prever acidentes vasculares cerebrais (AVC) com até cinco anos de antecedência utilizando apenas uma imagem da retina. A ferramenta, batizada de DeepRETStroke, foi apresentada na revista Nature e pode representar um avanço significativo na prevenção de uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo.

Baseada em inteligência artificial (IA), a tecnologia foi treinada com quase 900 mil imagens de retina e validada com mais de 200 mil imagens adicionais de pacientes de diversos países. O método parte do princípio de que a retina é uma janela para o cérebro, por compartilhar estruturas semelhantes com os vasos sanguíneos cerebrais.

Atualmente, a previsão de risco de AVC depende de fatores clínicos autodeclarados, como histórico familiar ou hipertensão - considerados pouco precisos, especialmente em populações diversas. “A precisão dos modelos atuais de predição do risco de AVC é modesta”, afirmam os autores da técnica, conforme destaca o site de notícias Infobae.

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Nos testes, o DeepRETStroke obteve 90% de acerto na previsão de primeiros episódios de AVC e 76% nos casos recorrentes. Em um estudo prospectivo, as recomendações personalizadas geradas pelo sistema reduziram em 82% a reincidência de derrames.

Hoje, os exames padrão para avaliar o risco de AVC, como ressonância magnética, são caros e pouco acessíveis, além de raramente serem indicados para pessoas assintomáticas. Nesse cenário, a nova ferramenta surge como uma alternativa mais simples, rápida e de baixo custo, com aplicação direta em consultórios e clínicas.

“Este avanço permite superar um obstáculo histórico na prevenção do AVC: como identificar de forma simples, rápida e precisa quem está em risco, antes que surjam os sintomas”, destacam os pesquisadores.

Com potencial para integrar protocolos de saúde pública, especialmente em regiões como a América Latina, onde o AVC está entre as principais causas de morte, a solução pode salvar milhares de vidas ao antecipar o problema. Segundo os cientistas, a tecnologia não substitui a avaliação médica tradicional, mas a complementa.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.