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Você sabe como surgiu o Dia das Mães no Brasil?

Celebrada no país desde 1932, a data foi inspirada no modelo norte-americano e se tornou essencial para o comércio, mas sua origem remonta a rituais antigos e à luta de uma filha pela memória materna

Dia das Mães é uma das datas mais movimentadas para o comércio

Instituído oficialmente no Brasil pelo presidente Getúlio Vargas em 1932, o Dia das Mães só se consolidaria de fato durante o regime militar, entre 1964 e 1985. A data foi decretada para o segundo domingo de maio, “em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano”, conforme descreve o Decreto nº 21.366.

Inspirado no modelo norte-americano, o Dia das Mães moderno tem como figura central Anna Maria Jarvis, que passou a militar pela celebração após a morte de sua mãe em 1905. “Apesar de já existirem manifestações inclusive na Grécia Antiga e em outros países, o Dia das Mães como é visto hoje foi uma criação americana, do fim do século 19", explica o psicólogo social Sérgio Silva Dantas à Folha de S. Paulo. A ideia de Jarvis foi oficialmente adotada em 1914 pelo então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson.

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No Brasil, a celebração teve expressões locais antes de ser oficializada, como em 1918 no Rio Grande do Sul, com apoio da Associação Cristã de Moços. Já a Igreja Católica adotou a data em 1947, por meio do cardeal D. Jaime de Barros Câmara. O decreto de Vargas também refletia um momento político de valorização da figura feminina e do papel materno na construção moral da sociedade. “Vargas queria fazer uma ação junto ao público feminino”, afirma Dantas, destacando que era o período em que as mulheres conquistavam o direito ao voto.

A partir da ditadura, a valorização da família ganhou destaque, reforçando o perfil da “mãe ideal”, como lembra a historiadora Mary Del Priore: “A maternidade bem vivida, a mulher dedicada aos filhos era um perfil exaltado em concurso, valorizado e que ganhava capas de revista”.

Com o tempo, o simbolismo afetivo abriu espaço para a lógica do consumo. Atualmente, o Dia das Mães é a segunda data mais lucrativa do comércio brasileiro, superando o Dia dos Namorados e o Dia das Crianças. “Para alguns segmentos, em especial os artigos de uso pessoal, o Dia das Mães é mais importante do que a ‘Black Friday’”, afirma Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo.

A data também impulsiona vendas de móveis e eletrodomésticos, reforçando um discurso de que o presente para a mãe é também para o lar. Segundo estimativas da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), o comércio deve registrar crescimento de 2% a 3% nas vendas em relação ao ano anterior.

No cenário global, a comemoração varia bastante. Enquanto países como EUA, Austrália, Japão e Itália também celebram no segundo domingo de maio, outros adotam datas específicas. Na Bolívia, por exemplo, o Dia das Mães é celebrado em 27 de maio; na Rússia, em 8 de março; e em países árabes, como Egito e Síria, em 21 de março - marcando o início da primavera.

Jornalista graduado, com ênfase em multimídia, pelo Centro Universitário Una, de Belo Horizonte. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes, foi repórter da Revista Encontro. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.