Ouvindo...

Vulcão ‘zumbi’ pode despertar após 250 mil anos inativo; entenda

O Uturuncu, na Bolívia, intrigou os cientistas após apresentar sinais de atividade geológica

Uturuncu, na Bolívia

O Uturuncu, um dos vulcões mais intrigantes da América do Sul, tem chamado a atenção da comunidade científica internacional. Localizado a mais de 6.000 metros de altitude na Cordilheira dos Andes, na Bolívia, ele permanece inativo há cerca de 250 mil anos. No entanto, sinais recentes de atividade geológica deixaram os cientistas em alerta diante da possibilidade de um retorno à atividade deste gigante adormecido.

Desde a década de 1990, medições via satélite e GPS vêm detectando uma deformação incomum no solo ao redor da estrutura vulcânica. O padrão lembra um sombrero: enquanto o centro da caldeira se eleva, as áreas ao redor afundam. Esse movimento ocorre a uma taxa de aproximadamente um centímetro por ano, o que indica uma dinâmica geológica significativa sob a superfície.

Um estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revelou novas descobertas sobre o comportamento do Uturuncu. A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido e China, analisou dados de mais de 1.700 pequenos terremotos registrados na região.

Leia também

Segundo os levantamentos, os sinais de agitação não são provocados por uma acumulação iminente de magma — que poderia indicar o risco de erupção —, mas sim pelo movimento constante de fluidos quentes e gases que circulam por canais subterrâneos. Essa movimentação causa os tremores e as deformações no solo.

O comportamento curioso do monte vulcânico rendeu a ele o apelido de “vulcão zumbi”. Apesar de tecnicamente inativo, o Uturuncu apresenta uma atividade persistente não eruptiva, marcada por emissões gasosas e alterações estruturais no terreno ao redor.

Ainda segundo os especialistas, os dados atuais não apontam para uma erupção iminente. O que escapa pelas fissuras naturais são, sobretudo, gases e líquidos, responsáveis por pequenas explosões subterrâneas e pelas chamadas “flatulências” geológicas, que continuam moldando lentamente a paisagem andina.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.