Pesquisa da UFLA desenvolve hidrogel sustentável para reduzir consumo de água

Hidrogel é produzido a partir de resíduos da indústria de papel e tem capacidade de reter grandes volumes de água no solo. o produto possui aplicações que vão do uso doméstico ao cultivo de café e eucalipto, culturas estratégicas para a economia regional.

Pesquisa já ganhou prêmio nacional e agora busca parcerias com empresas para transformar o hidrogel em pó e levá-lo ao mercado, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a economia da água.

Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desenvolveram um hidrogel sustentável com alto potencial para reduzir o consumo de água na agricultura e no ambiente urbano. O produto é inovador por ser produzido a partir do reaproveitamento de resíduos da indústria de papel.

A pesquisa é conduzida no Complexo Biomat, sede do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biomateriais, e é financiada pela FAPEMIG, com gestão da FUNDECC.

O hidrogel é obtido a partir do descarte de extremidades de tubos de papel multicamadas. O material passa por um processo que o transforma em nanocelulose, uma rede altamente estruturada capaz de reter grandes quantidades de água e liberá-la gradualmente para as plantas.

O pesquisador de pós-doutorado em Engenharia de Biomateriais, Rafael Carvalho do Lago, explica que o processo inclui um branqueamento livre de cloro, o que torna o método mais “eco-friendly” e reduz o impacto ambiental.

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Aplicação na Lavoura e no Uso Doméstico

Segundo testes iniciais, o hidrogel de nanocelulose apresenta um diferencial importante em relação a produtos comerciais: ele se dissolve melhor no solo sem adensar nas raízes, o que não prejudica o desenvolvimento das plantas.

Atualmente, a equipe realiza testes com mudas de café e eucalipto, culturas estratégicas para Minas Gerais. Os experimentos simulam condições de estresse hídrico, buscando validar a eficácia do produto na redução da necessidade de irrigação.

A pesquisadora Cíntia Silva avalia que o potencial de uso se estende ao ambiente urbano. “Pensando no futuro, esse hidrogel pode chegar ao uso doméstico, facilitando o cuidado com plantas em casa, hortas escolares e comunitárias”, afirma.

O projeto já recebeu destaque nacional, sendo premiado no Congresso Internacional de Celulose e Papel da ABTCP. O grupo avança agora no depósito de pedidos de patente e em estudos para transformar o hidrogel em pó, visando a viabilidade em escala comercial e parcerias com empresas.

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