Em 2022, cerca de 3,6 milhões de pessoas em idade produtiva — entre 15 e 64 anos — morreram precocemente por câncer no mundo. Essas mortes resultaram na perda de 41,4 milhões de anos potenciais de vida produtiva, com impacto econômico global estimado em US$ 584 bilhões, o equivalente a 0,6% do PIB mundial.
Do total, 53,8% corresponderam ao trabalho remunerado e 46,2% ao trabalho não remunerado.
Os dados fazem parte do estudo ‘
O estudo reforça a relação entre saúde, economia e equidade de gênero, destacando a necessidade de investimentos em prevenção, rastreamento e tratamento oncológico.
No Brasil, foram registradas 107.663 mortes por câncer entre pessoas de 15 a 64 anos. A perda de produtividade associada a esses óbitos foi estimada em US$ 7,4 bilhões em 2022.
O custo médio por morte foi de US$ 70 mil para homens e US$ 67,6 mil para mulheres, com média geral de US$ 69 mil.
Entre os homens, os maiores impactos vieram dos cânceres de pulmão, colorretal e estômago. Entre as mulheres, destacaram-se os cânceres de mama e colo do útero, seguidos pelo de pulmão.
Os tumores com maiores perdas econômicas por óbito individual foram testículo (US$ 150,3 mil), sarcoma de Kaposi (US$ 130 mil) e linfoma de Hodgkin (US$ 114 mil).
Na América do Sul, o custo médio por morte foi estimado em US$ 96,5 mil. Os cânceres que mais contribuíram para as perdas econômicas foram pulmão (US$ 91 bilhões), mama (US$ 57 bilhões), fígado (US$ 51 bilhões) e colorretal (US$ 51 bilhões).
Segundo a pesquisadora do INCA, Marianna de Camargo Cancela, as altas perdas associadas aos cânceres de mama e colo do útero refletem vulnerabilidades específicas da saúde da mulher na região.
Para Isabelle Soerjomataram, chefe adjunta da Divisão de Vigilância do Câncer da Iarc, incorporar o trabalho remunerado e não remunerado nas análises permite dimensionar melhor o impacto econômico das mortes precoces. Ela destaca que as mulheres realizam grande parte do trabalho não remunerado, frequentemente subestimado.
Marianna de Camargo explica que a parceria contínua entre a Iarc e o INCA busca compreender a carga econômica e social do câncer. Segundo ela, esses estudos ajudam a orientar políticas públicas e ações intersetoriais que promovam avanços no controle da doença.
(Sob supervisão de Alex Araújo)