Há exatos cinco anos, em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde decretava a Covid-19 como uma pandemia. Do início da crise sanitária até o final de 2021, segundo estimativas da própria OMS, o número total de mortes associadas direta ou indiretamente à doença foi de aproximadamente 14,9 milhões no mundo. A pandemia mudou protocolos e comportamentos, desafiou autoridades e cientistas e impactou profundamente todas as áreas da sociedade.
Em Belo Horizonte, um dos principais nomes do combate à Covid-19 foi o ex-secretário municipal de saúde, o médico Jackson Machado. ”O raciocínio na minha cabeça de médico era de que a vida é mais importante do que tudo. Vamos, então, salvar os CPFs”, explica, em referência às decisões de fechamento de comércio na cidade à medida que os números da doença pioravam. “Se a pessoa está morta, se o CPF está morto, o CNPJ também não vai mais ser dela. Lembrando que muitos negócios continuaram funcionando, construção civil, serviços de advocacia etc. Mas o fechamento das lojas foi importante para conseguirmos salvar vidas”, completa.
Segundo ele, cirurgias eletivas tiveram de ser adiadas, para dar lugar aos leitos de pacientes urgentes com Covid, e essa foi uma herança negativa da pandemia. “Por outro lado, tivemos aumento dos leitos intensivos”, relembra como uma herança positiva. “A união dos poderes público e privado também é uma herança positiva”, lembra. “Se aliaram em um desafio enorme.”
A primeira morte confirmada por Covid-19 em Minas foi no final de março de 2020. O infectologista Estevão Urbano, um dos membros do comitê criado pelo executivo municipal para tomar decisões de saúde pública relativas à doença, atendeu essa primeira paciente, que era idosa e tinha comorbidades.
Para ele, a pandemia mudou tudo, não só na saúde. “Começávamos ali uma caminhada muito dolorosa. O primeiro caso, a gente nunca esquece. O impacto foi muito grande e continuou por mais de dois anos a partir desse caso índice, naquela que foi a maior crise de saúde pública na história do nosso país e da humanidade.”
Vacinas
Após quase um ano do início da pandemia, os brasileiros ainda não tinham começado a ser vacinados contra a doença. A primeira pessoa imunizada no país foi a enfermeira intensivista Mônica Calazans, em 17 de janeiro de 2021, quando trabalhava no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. “Eu não sabia que seria a primeira vacinada. Foi uma surpresa. Foi um momento de esperança, eu sentia que estava levando esperança para os brasileiros naquela situação tão traumática. Naquele dia, já estávamos em 220 mil mortes para a Covid”, relembra. “Eu, como profissional de saúde havia mais de 30 anos, nunca tinha passado por um momento tão cruel. Eu queria passar para as pessoas que acreditassem na vacina e na ciência”, completa.
Em Minas Gerais, outra mulher da área da saúde foi escolhida como primeira a ser vacinada. A técnica de enfermagem Maria do Bonsucesso, a Cecé, recebeu sua dose em 18 de janeiro de 2021. “Ouvi que era demagogia, que era bobeira. Até de colegas. Um deles, que não quis se vacinar, depois passou a doença para a mãe, que hoje tem sequelas da doença. Ele eventualmente de imunizou. Então eu sempre digo: vacine-se pelos seus.”
No próximo episódio da série especial “Coronavírus 5 anos - o que aprendemos?”, confira os impactos da pandemia na Educação.