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Depressão e ansiedade: ONU aponta que pobreza aumenta transtornos mentais

Um relatório feito pela ONU aponta que mais de 970 milhões de pessoas, 11% da população mundial, sofrem de algum transtorno mental

A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um alerta ao mundo sobre a saúde mental. Segundo a Organização, a pobreza triplica a possibilidade de as pessoas sofrerem transtornos mentais.

De acordo com Cíntia Braga, médica psiquiatra, isso acontece porque as pessoas em situação de pobreza enfrentam uma vulnerabilidade acentuada a transtornos mentais como depressão e ansiedade, principalmente devido ao estresse constante e à instabilidade que permeiam suas vidas. “A incerteza financeira, o desemprego ou subemprego, e a luta para garantir necessidades básicas geram uma pressão contínua e significativa. Esse contexto de estresse crônico afeta o físico quanto o psíquico, tornando mais difícil a resiliência emocional e contribuindo para o aparecimento de sintomas de sofrimento mental. Estudos apontam que a falta de uma rede de suporte adequado e de acesso a recursos de saúde mental também agravam o quadro, perpetuando um ciclo de vulnerabilidade e sofrimento”, detalha.

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Um relatório feito pela ONU aponta que mais de 970 milhões de pessoas, 11% da população mundial, sofrem de algum transtorno mental, 280 milhões com depressão e 301 milhões com ansiedade. A psiquiatra explica que entre os fatores que contribuem para que pessoas em situação de pobreza sofram mais com transtornos mentais estão a insegurança financeira, a precariedade no trabalho, e a exposição a ambientes de maior violência e estigmatização.

“O trabalho precário, por exemplo, está associado a sintomas de esgotamento mental, pois tende a oferecer pouca estabilidade, baixa remuneração e horários irregulares, fatores que afetam o bem-estar. Além disso, há uma correlação clara entre condições habitacionais precárias e uma menor qualidade de vida, o que limita as oportunidades de lazer e de autocuidado. A ausência de uma rede de apoio social e familiar e o acesso restrito a serviços de saúde dificultam ainda mais o cuidado preventivo e o tratamento adequado para essas populações”, afirma a médica.

Além disso, a limitação de assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) para transtornos mentais no Brasil agrava o impacto dos transtornos mentais na população, especialmente entre os mais vulneráveis, de acordo com Cíntia Braga. “A insuficiência de profissionais, sucateamento dos serviços e de programas de saúde mental dificulta a detecção precoce e o tratamento adequado de quadros de depressão, ansiedade e outros transtornos. Essa lacuna, somada ao estigma social, leva muitas pessoas a buscarem ajuda apenas quando os sintomas já estão avançados, aumentando o sofrimento e dificultando a recuperação”.

Prevenção

A maior prevenção possível para transtornos ligados à saúde mental relativos às questões socioeconômicas é a adoção de políticas públicas, tanto sociais quanto de saúde, que visem a garantia de condições dignas de vida a todos os trabalhadores.

“De maneira individual, mesmo em meio a uma rotina agitada, é recomendável priorizar alguns hábitos de autocuidado. Procurar manter uma rotina de sono adequada, buscar atividades físicas regulares, e reservar momentos de lazer, mesmo que breves, são práticas que ajudam na regulação emocional e na redução do estresse. Manter contato com amigos e familiares é essencial, pois o suporte social exerce um efeito protetor importante. Adicionalmente, o contato com a natureza, mesmo que em pequenos intervalos, contribui para o bem-estar mental, auxiliando na redução de níveis de ansiedade. Priorizar esses aspectos e reconhecer a necessidade de ajuda profissional, caso sintomas persistam, são passos fundamentais para cuidar da saúde mental em qualquer contexto”, conclui Cíntia Braga, médica psiquiatra.


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Jornalista formada pelo Uni-BH, em 2010. Começou no Departamento de Esportes. No Jornalismo passou pela produção, reportagem e hoje faz a coordenação de jornalismo da rádio Itatiaia.
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