Nesta segunda-feira (03) é lembrado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil. De acordo como o Novo Atlas da Obesidade, publicado pela Federação Mundial da Obesidade, até 2035 o Brasil deverá ter metade das crianças com sobrepeso. Neste ano, 30% da população infantil está acima do peso ideal.
Segundo a endocrinologista pediátrica Juliana Pinheiro, professora da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, quando se fala em obesidade infantil deve-se pensar na alimentação da criança desde o início da vida, o aleitamento materno é um fator importante de prevenção da doença. A introdução de outros alimentos deve ser feita após os seis meses de idade e nesta fase o direcionamento da dieta é essencial. “Deve ser oferecido ao bebê alimentos naturais em horários estabelecidos e em ambientes tranquilos, respeitando a saciedade de cada criança, nunca forçando a ingesta e nem mesmo utilizar subterfúgios tais como, telas de aparelhos eletrônicos ou mesmo propor trocas alimentares, como por exemplo: coma o feijão que você ganha um iogurte, pois tais condutas levam a criança a compreender que a comida saudável é castigo”, explica.
A pediatra Carolina Conroy, do Hospital Vila da Serra da Oncoclínicas, afirma que uma a cada dez crianças brasileiras de até cinco anos, estão acima do peso e isso vai ter uma repercussão ao longo de toda a vida. “As principais causas de obesidade infantil são fatores genéticos, que é uma porcentagem, mas principalmente os fatores comportamentais e o tanto que o meio em volta da criança vai influenciar esse ganho de peso dela. Então, o aumento da ingestão de alimentos calóricos ultraprocessados, alimentos açucarados que estão disponíveis para a criança desde cedo. A falta de atividade física, a gente precisa ter um gasto calórico, a criança é do movimento, ela quer brincar e hoje em dia as crianças estão adotando muito o hábito de ficar em frente às telas, computador, videogame, televisão, por muitas horas”, alerta.
A médica destaca que, outro ponto de grande relevância é o exemplo familiar, já que os hábitos alimentares da família são reproduzidos pela criança. Quando a criança tem um dos pais obesos, existe a possibilidade de que ela também seja obesa. Já quando os dois pais são obesos, as chances aumentam.
Riscos para a saúde
A obesidade infantil vai causar muitos danos à criança. Em alguns casos, pode contribuir para o aparecimento de câncer, de acordo com Carolina Conroy, pediatra do Hospital Vila da Serra da Oncoclínicas. “Então, se a gente pensar no excesso de peso, a gente começa a pensar no aumento da carga no joelho, problemas em articulações, problemas na locomoção dessa criança. A gente tem aumento, nos casos de diabetes, doenças cardiovasculares, aumento de pressão arterial, colesterol. A gente tem também alguns cânceres ligados a aumento de peso. Tem a parte também do estigma dessa criança, do bullying que a gente sabe que acontece nas escolas. Então, essa criança vai ter um psicológico abalado. Ela tendo um psicológico abalado vai gerar várias inseguranças, repercussões para ela na vida adulta”, detalha
A obesidade é a principal causa de comorbidades na infância, adolescência e vida adulta:
• hipertensão
• alteração de colesterol às custas do aumento de LDL e triglicerídeos e diminuição do HDL
• pré-disposição ao diabetes tipo 2
• esteatose hepática
• deformidades ósseas
• estrias na pele
• problemas de autoestima e depressão
Prevenção
A endocrinologista pediátrica e professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Juliana Pinheiro, detalha que o tratamento mais recomendado para enfrentar a obesidade infantil é a prevenção, com oferta precoce de uma alimentação saudável às crianças e a família tem papel decisivo no processo.
“Evitar o consumo de alimentos industrializados como frituras, refrigerantes e doces. É importante priorizar os vegetais, frutas e leguminosas. Na situação de se encontrar resistência por parte da criança, a família não deve desistir, buscando sempre, nesse caso, outras formas de apresentação desses alimentos, não se esquecendo de associar a essa prática a restrição à exposição de telas, para que a criança e o adolescente encontrem outras formas de usar o tempo ocioso. Não podemos deixar de lembrar que a atividade física deve ser incrementada na vida das crianças desde idade precoce, preferencialmente todos os dias, seja como atividade regular ou mesmo brincadeira lúdicas”.