Um estudo feito em parceria pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto de Educação de Washington, nos Estados Unidos e Ministério da Saúde, mostra que as mortes por desnutrição caíram no Brasil. A queda é de 142 mil casos em 1990 para 35 mil mortes em 2019. Por outro lado, as mortes por doenças decorrentes da obesidade aumentaram 139%, saindo de 74 mil em 1990 para 177 mil em 2019.
De acordo com a professora Débora Malta, que lidera a pesquisa pela UFMG, o estudo analisa a dupla carga de má nutrição no país. ‘Então, a boa nutrição se refere ao consumo de nutrientes e, ganho de peso que seja adequado para o crescimento e para o desenvolvimento. No caso da desnutrição nós temos o contrário, faltam nutrientes especialmente nas crianças. Isso acaba reduzindo o peso, prejudicando o crescimento e desenvolvimento. Com isso, as crianças se tornam susceptíveis a uma série de doenças, inclusive a morte. No caso do excesso de peso, é o contrário. O consumo excessivo de alimentos de alta densidade calórica vai resultar no ganho de peso excessivo, que traz várias e sérias consequências para o organismo, como o isco de adoecimento por doenças cardiovasculares e diabetes. Ou seja, isso significa que a nutrição, seja em falta, seja em excesso, ela vai resultar em danos severos no que nós chamamos na má nutrição, seja a desnutrição ou o excesso de peso e obesidade’, detalha.
Segundo a pesquisadora, o Brasil deu passos importantes no enfrentamento da fome e da miséria, mas não há motivos para comemorar devido ao aumento do excesso de peso e, a dados analisados durante a pandemia que mostram que 33 milhões de pessoas passaram fome e mais de 100 milhões de pessoas tiveram insegurança alimentar. Os números também podem ser piores no que se refere ao excesso de peso no período pandêmico. Com a falta de dinheiro as famílias optaram por alimentos de péssima qualidade nutricional, passaram a se alimentar com alimentos ultraprocessados, com alto teor de gordura, alto teor de carboidrato e de sódio.
A base da alimentação saudável, no país, passa pelo arroz e o feijão e por uma cesta básica com itens mais saudáveis como frutas, legumes, verduras e proteínas, segundo Débora Malta. “A gente deve ter muita atenção com a cesta básica, porque a má alimentação passa pela cesta básica. Ela tem tudo a ver com também a o poder de compra do brasileiro e de compras corretas. Nós temos o arroz com feijão que não pode faltar, porque o arroz com feijão ajuda na saciedade. Mas a capacidade da população brasileira de comprar alimentos saudáveis como frutas, legumes, hortaliças e quantidade mínima de proteína, são essenciais para manter esse equilíbrio na alimentação. É essencial que nós tenhamos uma cesta básica e poder aquisitivo para que as pessoas possam adquirir alimentos de qualidade em quantidade suficiente para manter a segurança alimentar. Direito à alimentação é um direito básico de vida”, alerta a professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Débora Malta.
Alerta OMS
No início do mês de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que, em todo o planeta, a o
‘A obesidade é uma doença crônica complexa. As causas são bem compreendidas, assim como as intervenções necessárias para conter a crise, apoiadas por fortes evidências. No entanto, elas não são implementadas. Na Assembleia Mundial da Saúde, em 2022, os Estados-membros adotaram o Plano de Aceleração da OMS para conter a obesidade até 2030. Atualmente, 31 governos lideram o caminho para conter a epidemia de obesidade através da implementação do plano’.
As estratégias defendidas pela OMS para conter os índices de obesidade incluem:
- ações para apoiar práticas saudáveis desde o primeiro dia de vida, incluindo promoção e o apoio à amamentação;
- regulamentos sobre a propaganda de alimentos e bebidas para crianças;
- políticas de alimentação e nutrição escolar, incluindo iniciativas para regular a venda de produtos ricos em gorduras, açúcares e sal nas proximidades das escolas;
- políticas fiscais e de preços para promover dietas saudáveis;
- políticas de rotulagem nutricional;
- campanhas de educação e sensibilização para dietas saudáveis e exercício;
- promoção da atividade física nas escolas;
- integração dos serviços de prevenção e gestão da obesidade nos cuidados de saúde primários.