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Dengue: entenda porque é mais difícil vacinar pré-adolescentes

Brasil apresenta baixa cobertura vacinal, apesar do número recorde casos em 2024; “Dia D” de combate a dengue acontece nesse sábado (23) em MG

Brasil bateu recorde o histórico de casos de dengue em 2024; vacinação é a forma mais efetiva de controle da doença

Ver resumo

  • Baixa procura pela vacina contra a dengue no Brasil, segundo o infectologista Unaí Tupinambás.
  • Desafios na vacinação da faixa etária pré-adolescente devido à maior “autonomia” dos jovens.

  • Diferença na cobertura vacinal da dengue em comparação com outras doenças imunizáveis na infância.
  • Segurança e eficácia da vacina contra a dengue, Qdenga, após extenso período de estudo.
  • Desinformação pode influenciar na baixa cobertura vacinal, apesar do movimento antivacina não prosperar no Brasil.

A vacinação contra dengue para a faixa etária entre 10 e 14 anos tem apresentado baixa adesão no Brasil. Dados da Sec. de Saúde indicam que apenas 1 a cada 4 crianças se vacinaram em Minas Gerais.

Em menos de três meses, o Brasil bateu o recorde de incidência de dengue na história em 2024, que ultrapassou 2 milhões de caso nesta sexta-feira (22). A vacinação é a forma mais efetiva de controle da doença, segundo o Min. da Saúde.

No entanto, a cobertura vacinal contra dengue na Região Metropolitana de Belo Horizonte está em 7% - nível muito abaixo do ideal.

O “Dia D” de combate ao mosquito Aedes aegypti acontece nesse sábado (23) em Minas Gerais; confira a programação.

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“É uma faixa etária complicada”

Segundo o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medina da UFMG, a idade pré-adolescente é mais difícil de ser vacinada no Brasil.

“É uma faixa etária mais complicada, porque é um pré-adolescente, que já tem certa autonomia (em relação aos pais)”, afirma o especialista em entrevista a Itatiaia.

“Infelizmente houve uma baixa procura de vacinação para dengue nessa campanha iniciada recentemente no Brasil”, lamenta.

O professor aponta a diferença da cobertura vacinal da dengue em comparação com outras doenças em que a imunização é feita na infância.

Dados do Ministério da Saúde, de 2023, indicam que houve um aumento da cobertura vacinal na população infantil, na faixa etária de 0 a 5 anos, para sarampo, polimielite, tríplice viral, BCG, tuberculose e rubéola.

O professor reforça aos pais que a vacina contra dengue, Qdenga, é segura e eficaz.

“Essa vacina foi estudado por mais de quatro anos. Foram vários anos estudo, mostrando tanto a segurança quanto a eficácia em prevenir infecção e os casos de morte por dengue”, destaca Unaí Tupinambás.

Veja onde as pessoas podem se vacinar contra a dengue em Minas Gerais.

Reincidência

Outro fator que pode justificar a baixa procura pela vacina, segundo o professor da UFMG, é, ironicamente, o número recorde de casos atingido no Brasil em 2024.

“Nós estamos no meio da epidemia de dengue. Às vezes, a pessoa que esta elegível para tomar vacina pode ter ficado doente, com um sintoma gripal ou próprio da dengue. É claro que tem que esperar um prazo para tomar vacina (após contrair a doença)”, explica.

Pacientes que tiveram dengue após a primeira dose da vacina, o Ministério da Saúde recomenda esperar 30 dias após a completa recuperação da doença para tomar a segunda dose.

Desinformação

Por fim, o professor acredita que a baixa cobertura vacinal para dengue no Brasil também pode ter influência da desinformação.

Unaí Tupinambás afirma que o movimento antivacina não prosperou no Brasil, mesmo com o grande número de mentiras circulando nas redes sociais ao longo pandemia de COVID-19.

Mas defende que os governos federais, estaduais e municipais devem fazer campanhas incentivando a vacinação e criminalizando a desinformação, com potencial de matar pessoas - segundo ele.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.