Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, foi muito mais do que o vocalista do Charlie Brown Jr. Com uma mistura única de rebeldia, sensibilidade e poesia urbana, ele se tornou a voz de milhares de jovens brasileiros nos anos 1990 e 2000. Nascido em São Paulo, mas eternizado como símbolo de Santos, onde formou a banda, Chorão deixou uma marca profunda não só na música, mas também na cultura de rua, no
Da rua para os palcos: a origem do Charlie Brown Jr.
A história do Charlie Brown Jr. começa com o skate. Chorão, apaixonado pelo esporte, encontrou na cultura urbana a inspiração para compor suas letras. A banda surgiu em 1992, mas o sucesso nacional veio em 1997, com o álbum “Transpiração Contínua Prolongada”. Com letras que falavam sobre angústia, liberdade, amizade, amor e questionamento social, o grupo rapidamente ganhou fãs por todo o Brasil. O som era uma mistura de rock, hardcore, rap e reggae — uma fusão inovadora que conquistou todas as tribos.
Letras que tocavam a alma de uma geração
Chorão sabia como traduzir sentimentos em palavras. Trechos como “dias de luta, dias de glória” e “só os loucos sabem” viraram hinos emocionais para muitos jovens. Suas composições revelavam um homem intenso, sensível e, muitas vezes, ferido. Mesmo assim, suas músicas nunca deixaram de carregar uma mensagem de resistência, esperança e autenticidade. Esse equilíbrio entre dor e força foi o que consolidou Chorão como um dos maiores letristas da música brasileira recente.
Chorão e o skate: mais que um estilo, um estilo de vida
Skatista desde a adolescência, Chorão levava o esporte tão a sério quanto a música. Fundou uma pista de skate em Santos e usava o skate como metáfora de vida: cair e levantar. O visual da banda, com bermudas largas, bonés e tênis, refletia diretamente essa influência. Para ele, o skate era liberdade, era atitude, e isso se refletia no som, nas letras e na postura que adotava diante do sucesso.
As polêmicas e a personalidade forte
Chorão o poeta urbano que traduziu gerações com o Charlie Brown Jr.
Chorão era intenso em tudo o que fazia — o que também o levou a protagonizar momentos polêmicos. Não fugia de embates, nem mesmo dentro da própria banda. Teve desentendimentos com o baixista Champignon, com quem dividia a trajetória desde o início. Apesar das brigas, a relação entre eles sempre foi marcada por carinho, respeito e cumplicidade artística. Essa dualidade entre amor e atrito foi parte essencial da vida de Chorão.
O legado que segue vivo
Chorão faleceu em março de 2013, aos 42 anos, deixando um vazio imenso na música nacional. Mas seu
Chorão nas redes e no coração dos fãs
A imagem de Chorão resiste com força no ambiente digital. Canais no YouTube, perfis em redes sociais e documentários continuam contando sua história. A identificação com o público jovem permanece, porque suas letras falam de angústias atemporais: insegurança, sonhos, revolta, amor e autoconhecimento. Chorão é lembrado por sua humanidade, por seus erros e acertos, por ser alguém que sentia demais e transformava dor em arte.
Uma biografia com cara de Brasil
Falar de Chorão é falar sobre um Brasil urbano, plural e em busca de identidade. É lembrar que a música pode ser mais do que entretenimento pode ser abrigo, desabafo e espelho. Sua trajetória é a prova de que mesmo os inconformados, os “fora do padrão”, podem transformar sua verdade em legado. Chorão foi, e ainda é, uma inspiração para quem vive intensamente e não abre mão de ser quem é, mesmo que doa.
