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Aumento de tarifa anunciada por Trump divide deputados mineiros e acirra debate na ALMG

Deputados trocaram acusações sobre responsabilidades de Lula e Bolsonaro no aumento das tarifas determinada pelo presidente dos EUA

Responsabilidade pelo aumento de tarifa determinada por Trump dividiu deputados mineiros na ALMG

O aumento da tarifa para produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dividiu deputados mineiros em sessão nesta quinta-feira (10) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Deputados do campo conservador, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontaram o governo Lula como principal responsável pela medida implementada por Trump. Já deputados de esquerda, aliados ao governo petista, apontam Bolsonaro como responsável por prejudicar a economia brasileira.

Os deputados Bruno Engler (PL) e Leleco Pimentel (PT) trocaram acusações e críticas sobre o tema. O petista relembrou que Engler participou de uma sessão na ALMG com um boné de apoio a Trump.

“O senhor veio com boné aqui no plenário, de puxa saco do presidente dos Estados Unidos, é responsável pela taxação que ele quer impor ao Brasil. Vai lá bater palma, como faz aqueles que estão de joelhos para o imperialismo norte-americano. Vocês fizeram com que Trump, esse homem inescrupuloso, tivesse a pachorra de falar que vai taxar o Brasil porque o Supremo Tribunal Federal está levando a julgamento aqueles que tentaram dar um golpe de Estado. Golpe chefiado pelo vendedor de muamba e de joias, o ex-presidente Bolsonaro”, disse Leleco.

“Coloque novamente o boné de apoiador de quem hoje vai perseguir o povo brasileiro. Lula teve a coerência de dizer que quem julga no Brasil é um poder independente, o Supremo Tribunal Federal. E quem vai dar a reciprocidade com a mesma taxação será o Executivo. Nunca vi tanta gente se unir contra essa lambança política que seu amigo Eduardo Bolsonaro foi fazer nos Estados Unidos”, finalizou o petista.

‘Lula é irresponsável’

Bruno Engler rebateu e citou alianças do governo Lula com regimes autoritários e declarações contra o governo Trump.

“O culpado por essa tarifa tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva. Ele, junto com o ministro Alexandre de Moraes são os responsáveis. Ora, é só parar de censurar redes sociais, é só parar com a perseguição judicial, parar de tentar contrapor economicamente os Estados Unidos, que não haverá sanção. Lula é irresponsável. Ele fica ao lado do regime ditatorial do Irã contra os Estados Unidos, usa o Supremo contra empresas do Estados Unidos. E aí, quando tem uma consequência, querem falar que a culpa é do Bolsonaro? Faça-me o favor”, disse Engler.

“O Lula dobra a aposta. O problema é que quem sofre não é o Lula, que vive as benesses junto com a Janja, mas quem sofre é o povo brasileiro”, finalizou o deputado do PL.

Já o deputado Sargento Rodrigues (PL) lamentou a ‘falta de responsabilidade’ do governo Lula para buscar uma saída diplomática para os embates com a administração Trump.

“Quem acompanha as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja é fácil identificar porque o outro país reagiu da forma como reagiu. Se a taxação em mais de 50% aos produtos brasileiros está acontecendo por determinação do presidente dos EUA é graças a falta de competência para exercer a diplomacia internacional do presidente. É só pegar todas as falas do presidente Lula, que repercutem internacionalmente”, disse Rodrigues.

Impacto em MG preocupa

A deputada Lohanna (PV) demonstrou preocupação com o impacto da medida anunciada por Trump na economia mineira. Ela criticou o governo Zema pela postagem com críticas ao governo Lula sobre o tema.

“Vamos viver um momento dramático no país, mas especialmente em Minas Gerais nos próximos meses, se o irresponsável que venceu e ocupa a presidência dos EUA não recuar nessa tarifa colocada. Um símbolo da imbecilidade que tomou conta da política é que isso está virando uma disputa entre esquerda e direita. Minas Gerais vai se lascar nessa história, isso é um fato. O governador Romeu Zema está fazendo tuíte, parece não se dar conta que o resultado comercial que ele comemorou no início do ano, com as exportações do agro tendo superado as exportações da mineração, se tornará impossível sem um recuo nessas tarifas. Conseguimos R$ 17 bilhões em exportações e isso foi puxado pela venda do café para os Estados Unidos”, disse Lohhana.

A parlamentar, no entanto, lembrou que o aumento nos principais produtos exportados do Brasil para os EUA também vai gerar problemas para Trump.

“Vai ficar ruim para a gente, mas vai ficar ruim para eles também. O café na mesa do americano vai ficar mais caro. E não tem país no mundo que vende café na quantidade do Brasil. O suco de laranja na mesa do americano vai ficar mais caro. Talvez, novamente, o presidente Trump vai ter que recuar. Coisa típica de gente pequena que toma decisão, mas não consegue bancar”, disse Lohhana.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.