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Dólar bate R$ 6,20 e fecha no maior nível da história: economista explica disparada da moeda americana

André Valério, economista do Banco Inter, explica que descrença com pacote de gastos do governo federal corrói moeda brasileira

Dólar tem renovado máximas históricas nas últimas semanas de 2024

O dólar bateu R$ 6,20 ao longo desta terça-feira (17) e fechou o dia a R$ 6,095 - o maior valor nominal da história. Foi o segundo dia consecutivo que a moeda americana renovou o recorde.

A nova alta aconteceu após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmar que há uma descrença no pacote fiscal de corte de gastos, apresentado pelo governo federal, e que existe uma expectativa de aumento da inflação.

Apesar da ata do BC ter sido divulgada nesta terça, o mercado já vinha se manifestando há alguns dias. Na segunda-feira (16), a moeda fechou o dia a R$ 6,092 - uma alta de 1,04% em relação ao pregão anterior.

André Valério, economista sênior do Banco Inter, explica o que está causando a alta do dólar.

“O real tem se desvalorizado consistentemente ao longo de 2024 por dois motivos: Por um lado, vemos um movimento global de valorização do dólar, reflexo da economia americana mais aquecida que o esperado, crescendo relativamente mais que o resto do mundo. Por outro lado, há as questões domésticas, que têm pesado mais nos últimos meses”, afirma.
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Entre as questões domésticas está o pacote fiscal de corte de gastos, apresentado pelo governo federal. O economista explica que a proposta foi recebida com desconfiança pelo mercado e tem feito a moeda nacional desvalorizar.

“A grande questão continua sendo a incerteza fiscal, que piorou consideravelmente com o anúncio do pacote fiscal de corte de gastos, que foi visto como tímido. Ao mesmo tempo, o governo anunciou a isenção do imposto de renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês, desfazendo parte do esforço fiscal. Desde então, o mercado sofre com a incerteza da aprovação do pacote no Congresso, que até o momento não foi votado”, explica Valério.

Dólar deve cair se Congresso aprovar pacote de corte de gastos

O economista afirma que o dólar deve recuar, caso o Congresso aprove integralmente o pacote fiscal, da mesma forma que foi proposto pelo governo federal. No entanto, a redução deve ser tímida.

“Caso isso ocorra, devemos observar uma diminuição do pessimismo, o que irá permitir uma valorização do real, mas não esperamos uma valorização significativa, apenas o suficiente para manter o câmbio abaixo do patamar de 6 reais”, comenta.

Para Valério, será difícil uma diminuição significativa da moeda no próximo ano.

“A médio prazo, o compromisso do Banco Central em entregar a inflação na meta e a ausência de novas surpresas fiscais contribuirá para uma melhora adicional do câmbio. Ainda assim, dado o tamanho do desafio fiscal, não observamos espaço para uma valorização muito grande do real ao longo de 2025. Esperamos que o câmbio encerre 2024 cotado a R$ 5,95, e fique em 2025 por volta de R$ 5,70", finaliza.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.