Morreu neste sábado (8), aos 94 anos, a economista, matemática, escritora e professora Maria da Conceição Tavares. Nascida em Anadia, em Portugal, e filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), ela se tornou um dos símbolos da esquerda brasileira.
Maria da Conceição Tavares veio para o Brasil ainda na década de 1950, durante a ditadura de António Salazar, chefe do Estado Novo português. À época, ela já havia se formado em Matemática pela Universidade de Lisboa. Obteve a cidadania brasileira em 1957, mesmo ano em que entrou no curso de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — à época conhecida como Universidade do Brasil.
Trabalhou em um dos grupos executivos criados para a construção de Brasília, inaugurada em 1960 durante o governo de Juscelino Kubitschek e escreveu dezenas de livros e artigos. Uma de suas obras mais importantes foi “Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil – Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro”, publicado em 1972.
Maria da Conceição Tavares foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro, cargo que ocupou entre 1995 e 1999, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a quem fez oposição. Também deu aulas no Instituto de Economia da Unicamp.
Foi professora da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a quem apoiou nas eleições presidenciais de 2010, e do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB) — que se enfrentaram naquele pleito.
Recentemente, vídeos de suas aulas e de uma entrevista no programa de TV “Roda Viva” voltaram a circular nas redes sociais. Com um cigarro na mão, palavrões e frases de efeito, “viralizaram” suas declarações contra a “elite burguesa”.
“A economia que não se preocupa com a justiça social é uma economia que condena os povos a isso que está ocorrendo no mundo inteiro, uma brutal concentração de renda, de riqueza, o desemprego e a miséria”, diz economista em uma das entrevistas no programa.
“Só faz de conta que a política não interessa quem manda, meu bem. E Deus sabe que a política interessa muito. O problema é que ele disfarça o seu interesse político. Ele faz em câmaras secretas, ele faz, aí sim, em chás, em almoços. Imagina se os japoneses não estão interessados em política? Pra caralho”, diz em uma de suas aulas.