As obras para a duplicação dos 303 quilômetros da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, começaram em 2014. Uma década depois do início das obras, menos de um quinto das melhorias prometidas foi entregue e a Rodovia da Morte passou os últimos anos abandonada. Ao longo do trecho restaram obras inacabadas, que estão se deteriorando rapidamente.
Um dos trechos que teve obras iniciadas está localizado entre as cidades de Antônio Dias e Jaguaraçu, no Vale do Rio Doce. Uma ponte foi construída para acabar com uma curva sinuosa no local, mas a obra foi abandonada e a ponte atualmente não liga nada a lugar nenhum.
Desperdício de recursos públicos: ponte inacabada na BR-381 termina diante de um morro de pedras
Ao final do asfalto da ponte, uma montanha de pedras mostra que a
“Essa obra inacabada é um descaso puro, dinheiro jogado fora. E nesse trecho, não pode chover, porque qualquer chuva faz desmoronamentos interditaram a via, uma faixa fica obstruída”
A responsabilidade de concluir as obras em Antônio Dias ficará a cargo da empresa vencedora do
Desafios da BR-381
De acordo com o ex-secretário de infraestrutura e mobilidade de Minas Gerais e professor da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Marcato, as condições do terreno na região de Antônio Dias são um dificultador para a solução dos problemas e finalização das obras.
“Tem um grande problema na BR-381 que é a questão da geologia. Um problema do solo que é muito desafiador e não é incomum os deslizamentos. O que acontece é que essa rodovia está a cargo do governo federal há muitos anos e, quando o governo faz investimentos via DNIT, então tem ano que tem dinheiro e tem ano que não tem dinheiro. O que acontece? O investimento não é feito e as obras vão se deteriorando”
Para checar a atual condição da BR-381 a reportagem da Itatiaia percorreu mais de 600 quilômetros, no caminho de ida e volta, entre BH e Governador Valadares. O trecho será concedido à iniciativa privada no leilão que vai acontecer no dia 29 de agosto, na bolsa de valores, em São Paulo.
Durante o percurso, a reportagem flagrou diversas situações impactantes, como ultrapassagens em local proibido, falta de placas de sinalização e pista precária, como conta a assistente social, Renata Gonçalves Dutra.
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Atualmente, 60 quilômetros de extensão da BR-381 estão duplicados. As obras foram licitadas durante o governo de Dilma Rousseff (PT), em 2014, e divididas em oito lotes. No entanto, apenas dois deles avançaram. Os demais acabaram abandonados pelas empresas vencedoras da concessão.
Um dos trechos duplicados da BR-381 fica entre o distrito de Roças Novas, em Caeté, e Barão de Cocais. As obras foram concluídas entre 2019 e 2021 no governo de Jair Bolsonaro (PL).
O comerciante Celso Vieira Maia, que mora há mais de 50 anos no bairro Bom Destino, em Santa Luzia, acredita que os acidentes caíram após o término dos trabalhos no pequeno trecho que foi duplicado. “Depois que fizeram a passarela e fizeram a rotatória mais ou menos, não houve mais tanto acidente”, conta.
O caminhoneiro Mauro Rodrigues também cita a redução de acidentes no trecho que já foi concluído, mas alerta para a imprudência de alguns motoristas que aproveitam a melhor qualidade da pista para seguir em alta velocidade.
“Creio que sim, não temos vendo mais acidentes. Ainda vemos alguns carros tombados nesse trecho duplicado, mas diminuiu bem. O problema é que alguns extrapolam na velocidade”, diz o motorista.