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Alvos de ameaças, vereadoras do Psol de BH acionam Polícia Civil e vão ter escolta

Agentes da Guarda Municipal vão fazer a segurança de Iza Lourença e Cida Falabella, que receberam e-mail que falava em estupro e agressões

Cida Falabella (esq.) e Iza Lourença

As vereadoras belo-horizontinas Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do Psol, procuraram a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) nesta quinta-feira (17) para prestar queixa contra os responsáveis por um e-mail com ameaças de estupro e agressão. A mensagem, remetida a elas nessa quarta-feira (16), foi entregue a agentes da Delegacia de Crimes Cibernéticos. Escoltadas por guardas municipais, que vão reforçar a segurança das parlamentares daqui para a frente, Iza e Cida prometeram acionar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a fim de identificar os acusados.

“Queremos uma investigação para chegar ao responsável. Queremos chegar a quem enviou o e-mail. E não é só um e-mail, mas uma ameaça de ‘estupro corretivo’. Quem enviou precisa ser penalizado”, disse Iza Lourença, na unidade policial localizada na Área Hospitalar de Belo Horizonte.

As políticas chegaram à delegacia acompanhadas por dois agentes da Guarda Municipal. O prefeito Fuad Noman (PSD) e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), já conversaram com o comando da corporação sobre a necessidade de garantir a segurança das vereadoras.

Segundo Cida Falabella, representantes dos poderes Executivo e Legislativo têm prestado ajuda. A parlamentar relatou que o autor do e-mail promete ir até a casa delas promover um “estupro corretivo”. Em outro trecho do texto, o responsável pelo material afirma poder “provar” que ‘estupro cura lésbicas.

“Isso não vai nos parar. O medo existe, porque somos mulheres. É uma situação muito delicada. Quando a pessoa fala que vai até sua casa, afeta a gente, na intimidade. Da porta para dentro, não sou vereadora, mas mãe e avó. Contamos com muitas pessoas — e nosso medo vai estar amparado por essas pessoas e pela Justiça”, garantiu.

Autor ainda no anonimato

Desde que receberam as ameaças, Cida Falabella e Iza Lourença discutiram a melhor forma de abordar o caso. Elas decidiram não divulgar o nome do grupo responsável pelos ataques a fim de evitar publicidade aos autores.

“É um grupo que se organiza para mandar um e-mail de ameaça de estupro, no (endereço de) e-mail institucional, ou seja, uma violência política de gênero, e acha que vai ficar impune. Não estamos divulgando a assinatura desse e-mail porque é isso o que querem. Querem que a gente divulgue a assinatura do e-mail porque, infelizmente, hoje, no Brasil, eles ganham seguidores quando fazem uma ameaça dessas e a gente divulga a assinatura”, apontou Iza.

Emocionada, Cida disse que nunca havia recebido uma ameaça dessas proporções.

“A gente sempre recebe muita violência estando nos Parlamentos. A violência, às vezes, é velada e, às vezes, explícita. Às vezes, é pelas redes sociais, quando nos chamam de ‘velha’, ‘bruxa’ e nos mandam para a casa ou falam para a gente ir embora. Mas, um e-mail dessa natureza, com uma carga tão grande, é a primeira vez”, relatou.

A Itatiaia questionou a Polícia Civil sobre os próximos passos da investigação. Se houver resposta, este texto será atualizado. A Guarda Municipal também foi acionada para dizer se há prazo para o encerramento da proteção às parlamentares — ou se a escolta permanecerá até que elas se sintam suficientemente seguras.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.