As vereadoras belo-horizontinas Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do Psol, procuraram a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) nesta quinta-feira (17) para prestar queixa contra os responsáveis
“Queremos uma investigação para chegar ao responsável. Queremos chegar a quem enviou o e-mail. E não é só um e-mail, mas uma ameaça de ‘estupro corretivo’. Quem enviou precisa ser penalizado”, disse Iza Lourença, na unidade policial localizada na Área Hospitalar de Belo Horizonte.
As políticas chegaram à delegacia acompanhadas por dois agentes da Guarda Municipal. O prefeito Fuad Noman (PSD) e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), já conversaram com o comando da corporação sobre a necessidade de garantir a segurança das vereadoras.
Segundo Cida Falabella, representantes dos poderes Executivo e Legislativo têm prestado ajuda. A parlamentar relatou que o autor do e-mail promete ir até a casa delas promover um “estupro corretivo”. Em outro trecho do texto, o responsável pelo material afirma poder “provar” que ‘estupro cura lésbicas.
“Isso não vai nos parar. O medo existe, porque somos mulheres. É uma situação muito delicada. Quando a pessoa fala que vai até sua casa, afeta a gente, na intimidade. Da porta para dentro, não sou vereadora, mas mãe e avó. Contamos com muitas pessoas — e nosso medo vai estar amparado por essas pessoas e pela Justiça”, garantiu.
Autor ainda no anonimato
Desde que receberam as ameaças, Cida Falabella e Iza Lourença discutiram a melhor forma de abordar o caso. Elas decidiram não divulgar o nome do grupo responsável pelos ataques a fim de evitar publicidade aos autores.
“É um grupo que se organiza para mandar um e-mail de ameaça de estupro, no (endereço de) e-mail institucional, ou seja, uma violência política de gênero, e acha que vai ficar impune. Não estamos divulgando a assinatura desse e-mail porque é isso o que querem. Querem que a gente divulgue a assinatura do e-mail porque, infelizmente, hoje, no Brasil, eles ganham seguidores quando fazem uma ameaça dessas e a gente divulga a assinatura”, apontou Iza.
Emocionada, Cida disse que nunca havia recebido uma ameaça dessas proporções.
“A gente sempre recebe muita violência estando nos Parlamentos. A violência, às vezes, é velada e, às vezes, explícita. Às vezes, é pelas redes sociais, quando nos chamam de ‘velha’, ‘bruxa’ e nos mandam para a casa ou falam para a gente ir embora. Mas, um e-mail dessa natureza, com uma carga tão grande, é a primeira vez”, relatou.
A Itatiaia questionou a Polícia Civil sobre os próximos passos da investigação. Se houver resposta, este texto será atualizado. A Guarda Municipal também foi acionada para dizer se há prazo para o encerramento da proteção às parlamentares — ou se a escolta permanecerá até que elas se sintam suficientemente seguras.