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Mineradoras tentam reverter, no Senado, trecho da reforma tributária que abre brecha para taxação

Artigo previsto em texto aprovado na Câmara prevê possibilidade de criação de imposto em 17 estados

Mineradoras poderão ser taxadas por imposto estadual, conforme texto da reforma tributária

Entidades que representam as empresas de mineração vão tentar reverter, no Senado, um trecho da reforma tributária, aprovada na Câmara dos Deputados, e que abre brecha para que estados onde há exploração de produtos primários, como o caso do minério de ferro. Na prática, o artigo 20 do texto, pretende ser uma compensação para o fim dos fundos estaduais e tem prazo para acabar: 31 de dezembro de 2043.

A regra também atinge outros setores, como a indústria de óleo e gás e o agronegócio, que também se mobilizam para tentar vetar a mudança durante a tramitação da reforma tributária no Senado.

De acordo com o texto do artigo 20, estados e o Distrito Federal “poderão instituir uma contribuição sobre produtos primários e semielaborados, produzidos nos respectivos territórios, para investimento em obras de infraestrutura e habitação, em substituição a contribuição a fundos estaduais”.

Se a regra entrar em vigor, na prática, 17 estados poderiam se beneficiar da taxação. Minas Gerais e Pará, recordistas na exportação de minério de ferro, estão excluídos da lista.

Atualmente na presidência do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o ex-deputado e ex-ministro Raul Jungmann, chama a medida de “cavalo de tróia”.

“Isso representa um contrassenso em uma reforma que propõe simplificar e ser neutra porque, na verdade, isso cria uma possibilidade de ampliação da carga tributária”, criticou durante uma entrevista coletiva para apresentar os resultados do setor. “Nossa expectativa é de que esse desastre, que se abate sobre o setor, mas dada a expressividade dos setores que são alcançados, se espraia ou atinja o próprio país, ele venha a ser revertido”, completa Jungmann.

A pressão de mineradoras e outras entidades parece que renderá frutos no Senado Federal. Na última semana, o relator da reforma tributária, Eduardo Braga (MDB-AM) admitiu que poderá excluir do texto o artigo 20.

A sinalização foi dada após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

De acordo com Braga, ao comentar sobre esse ponto específico do texto, a proposta deve ser modificada no Senado para evitar a criação de impostos sobre atividades agropecuárias, de mineração e petróleo.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.