Ouvindo...

Arquiteto da Arena MRV diz que ‘mudança em visão pública’ na gestão Kalil atrasou estádio do Galo

CPI do Abuso de Poder ouviu nesta quinta-feira (1º) o arquiteto Bernardo Farkasvolgyi, responsável pelo projeto da Arena MRV

Arquiteto da Arena MRV prestou depoimento na CPI do Abuso de Poder nesta quinta-feira

O arquiteto Bernardo Farkasvolgyi, responsável pelo projeto da Arena MRV, prestou depoimento nesta quinta-feira (1º) na CPI do Abuso de Poder, da Câmara Municipal de BH, e afirmou que “mudanças na visão do poder público” durante a gestão do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) dificultaram o andamento das obras no novo estádio do Galo.

“Você protocolar um projeto em 2014 e ele só ser aprovado em 2020, seis anos depois, eu, particularmente, acho um absurdo. É muito tempo, mesmo sendo um projeto da complexidade da Arena MRV. Imagina o desgaste para um arquiteto ter que lidar com o poder público por seis anos para licenciar um projeto”, afirmou Farkasvolgyi.

“Com a nova gestão de Kalil, em 2017, discutimos muito a questão da operação simplificada, na minha visão nós demos um passo para trás, entrou um novo prefeito, novos secretários, nova equipe técnica, e eles resolveram pegar esse projeto e estudar profundamente. O que acho normal, não vejo nada de errado nisso. Quer dizer, entrei, sou novo prefeito, quero entender o projeto. Gastou-se um ano nas conversas que tivemos para buscar entendimento”, disse.

O arquiteto afirmou que não pode assegurar que houve intenção da prefeitura de BH em atrasar os processos, mas lamentou que o ritmo das análises por parte do Executivo municipal passaram a desacelerar a partir de 2018.

“No início de 2018, a prefeitura desistiu de fazer a operação de forma simplificada. A secretária Maria Caldas nos procurou e entendeu que o projeto estava muito grande. Tínhamos no projeto da Arena MRV um centro de convenções e lojas. O poder público nos procurou, disse que estava desconfortável com o tamanho do projeto”, afirmou.

“Não posso dizer que houve intenção de atrasar, mas, obviamente, em um processo de licenciamento para um projeto desse porte, a partir de mudanças de visão do poder público, poderia acontecer o que aconteceu. O projeto precisou ser adequado em função de uma visão do poder público que na época não quis continuar com o procedimento de operação simplificada”, explicou o arquiteto.

Projeto era de 60 mil lugares

A CPI do Abuso de Poder investiga indícios de utilização da estrutura pública da Prefeitura de Belo Horizonte para favorecimento pessoal e de terceiros pelo ex-prefeito Alexandre Kalil.

O presidente da CPI, vereador Wesley Moreira (PP) afirmou que o depoimento do arquiteto da Arena MRV demonstrou que durante a gestão de Kalil, surgiram dificuldades para os processos de licenciamento da construção do estádio.

“Na gestão Marcio Lacerda, tivemos prefeitura empenhada, até mesmo pessoalmente, na aceleração e na construção dessa arena que traria um grande benefício para a cidade. Todo um processo de quatro anos muito bem feito, com exigências sendo cumpridas, dentro de um rigor. Chega 2018, já com a gestão de Kalil, tudo que foi feito durante quatro anos, foi considerado como se não tivesse sido técnico e cancela tudo. Perde-se quatro anos de trabalho. Perde-se a possibilidade de uma grande obra. Todo o processo sofre uma queda abrupta”, afirmou o vereador.

“Técnicos aprovaram projeto com 60 mil lugares, com centro de convenções, e de repente, mudou a gestão e em 2018 tudo é jogado no lixo. Era para a Arena já estar funcionando no final de 2020”, concluiu Moreira.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o ex-prefeito Alexandre Kalil, mas ele não quis se manifestar sobre o depoimento do arquiteto da Arena MRV.

Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.