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Ex-CEO da Americanas disse que só ficou sabendo de ‘rombo’ após assumir cargo

Ex e atual presidente da empresa foram convocados para prestar esclarecimentos em comissão no Senado

Comissão do Senado convocou audiência sobre rombo da Americanas

O ex-CEO da Americanas, Sergio Rial compareceu, nesta terça-feira (28), a uma sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Questionado pelos senadores sobre o rombo de R$ 40 bilhões descoberto durante sua gestão à frente da companhia, Rial disse que foi informado por dois diretores sobre as “inconsistências contábeis” somente após ter assumido o cargo, em janeiro deste ano.

De acordo com o executivo, que pediu demissão após apresentar ao mercado um comunicado sobre o rombo bilionário da Americanas, o antigo controlador da companhia, Miguel Gutierrez era “centralizador”. Rial também afirmou que, antes de assumir o controle da empresa, participou de 21 reuniões, como consultor, entre os meses de setembro e dezembro, mas que só foi informado sobre os problemas vivenciados pela companhia após tomar posse.

“Não recebi algo no papel. Não recebi algo como se fosse um mapa. Extraía a conta-gotas as informações dia após dia. Não havia uma predisposição para explicar tudo que aconteceu. Nada disso”, afirmou.

“O que eu sabia é que a empresa tinha muito mais dívida bancária do que havia reportado. E o que eu não sabia: como conseguiram fazer isso durante tanto tempo e por quê?”, questionou Rial.

O atual diretor-executivo da Americanas, Leonardo Pereira, também participou da audiência. Ele afirmou que a dívida da empresa é “bastante grande e que a intenção da companhia era começar os pagamentos com os pequenos credores, mas que uma decisão judicial impactou as medidas.

“A gente tentou retirar aqueles credores menores, que são muito machucados nesse processo. A companhia começou a pagar. Mas veio o recurso de um banco, pedindo para suspender os pagamentos. De R$ 240 milhões, a gente pagou R$ 120 milhões para esses credores”, explicou.

Senadores criticam conduta da Americanas

Senadores que participaram da audiência criticaram a conduta da Americanas no caso. Eduardo Braga (MDB-AM) disse que essa é a “maior fraude corporativa que se tem notícia no Brasil”. O parlamentar também criticou a atuação da empresa de auditoria PwC, que não identificou o rombo contábil.

"É uma das maiores fraude corporativas do mundo e não pode ser tratada como pouca coisa. Espero que as Americanas possam dar uma resposta à altura do tamanho da fraude. É preciso esclarecer as razões de uma fraude gigantesca, criminosa. Os acionistas de referência deveriam depositar em juízo o valor equivalente aos micro e pequenos credores e pedir em juízo que fossem liberados esses recursos. O que está aqui em jogo é a reputação”, afirmou Braga.

O senador Otto Alencar (PSDB-BA) também citou a auditoria e disse que ela “fez uma maquiagem na contabilidade da Americanas”.

De acordo com Omar Aziz (PSD-AM), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve apurar a conduta da empresa.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.