Todo mundo conhece alguém que tem medo de cachorros. Em alguns casos, o temor é tão grande que interfere na vida cotidiana e limita deslocamentos ou interações sociais.
Apesar de ser um sentimento comum, especialmente entre quem sofreu traumas envolvendo cães, é possível superar esse receio com estratégias baseadas em acolhimento, orientação profissional e exposição gradual.
Segundo a psicóloga comportamental Paula Fernandes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o medo de animais, quando intenso, é considerado uma fobia específica.
“Nesses casos, é importante que a pessoa procure ajuda psicológica para entender a origem do medo e aprender a lidar com ele de forma segura e gradual”, explica.
A exposição controlada, sob orientação especializada, tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes.
Identificar o medo e buscar apoio são os primeiros passos
Pessoas que têm medo de cães geralmente apresentam sinais como sudorese, taquicardia, tremores ou vontade de fugir diante da presença de um animal.
A origem do medo pode estar ligada a episódios traumáticos, como mordidas, perseguições ou mesmo narrativas negativas vivenciadas na infância.
De acordo com a American Psychological Association (APA), técnicas de dessensibilização sistemática ajudam a recondicionar respostas emocionais associadas ao medo.
O método envolve apresentar o objeto fóbico, no caso, o cachorro, de forma progressiva, sempre respeitando os limites emocionais da pessoa.
Estratégias que podem ajudar a superar o medo de cachorro:
- Evite se forçar a interagir com cães logo de início;
- Observe os cães de longe e preste atenção em seus comportamentos corporais;
- Converse com pessoas que tenham experiências positivas com animais;
- Busque ajuda de um psicólogo especializado em fobias;
- Participe de encontros com cães sociáveis, sempre com supervisão.
Para a médica-veterinária Juliana Bussab, do Instituto Cão Terapeuta, a convivência com cães treinados pode ser um caminho positivo.
“Cães terapeutas são treinados para interagir com pessoas em ambientes diversos, e muitas vezes ajudam a desconstruir medos através de experiências suaves e controladas”, destaca Bussab em declaração publicada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).
E para evitar mais possibilidades de trauma, as famílias com crianças devem apostar na educação infantil. A orientação sobre como se portar perto de cães deve começar desde cedo.
“Ensinar crianças a pedir permissão antes de tocar em um cão e a reconhecer sinais de desconforto evita acidentes e ajuda a formar uma relação mais respeitosa com os animais”, afirma a Associação Internacional de Organizações de Interação Humano-Animal (IAHAIO) em documento sobre o tema.