Ouvindo...

Saiba como reconhecer e prevenir o estresse em pássaros de estimação

Reconhecer manifestações de desconforto precocemente permite ao tutor fazer intervenções em tempo de evitar problemas mais graves

Tutores devem observar as aves diariamente e com atenção para oferecer intervenções rápidas e garantir a saúde dos pets

A saúde emocional das aves de companhia costuma ser injustamente negligenciada, mas ela é uma peça chave para o bem-estar e longevidade dos animais. Diferentemente de cães e gatos, aves têm um comportamento mais sensível, e alterações sutis no ambiente ou na rotina podem desencadear muito estresse.

Reconhecer manifestações de desconforto precocemente permite ao tutor fazer intervenções em tempo de evitar problemas mais graves, como doenças infecciosas e comportamentos autolesivos.

De acordo com a revista The Spruce Pets, “estresse pode causar estereotipias, automutilação, mudanças na vocalização e redução do apetite”. A publicação alerta que vocalização excessiva, automutilação e sedentarismo são sinais claros de mal-estar.

Leia também

Pesquisas em ornitologia comprovam que aves estressadas sofrem queda na imunidade, já que o hormônio corticosterona, liberado em excesso, reduz defesas naturais e aumenta chances de infecções.

Quando são motivadas por fatores físicos, como temperatura, ruído, superlotação, ou psicológicos, como falta de estímulo, mudanças repentinas e isolamento, as aves elevam seu nível de corticosterona.

O resultado pode impactar o sistema imunológico já enfraquecido, causar doenças respiratórias, falta de apetite e alterações digestivas, além de levar a comportamentos compulsivos como bicadas em penas ou movimentos repetitivos.

Esses sinais não devem ser vistos pelo tutores como comportamentos passageiros, mas como alertas sérios de que o animal pode estar em sofrimento.

Prevenção e ajuda médica

Oferecer um ambiente acolhedor e estimulante pode evitar crises comportamentais e doenças em aves. Veja as principais recomendações:

  • Ofereça gaiolas amplas, com poleiros variados, brinquedos interativos e materiais próprios para bicagem;
  • Estabeleça horários fixos para alimentação, sono e interação, e evite mudanças abruptas;
  • Reduza estímulos negativos, como barulhos intensos, obras ou contato com predadores visíveis;
  • Interaja diariamente com a ave e permita voos supervisionados sempre que possível;
  • Observe alterações comportamentais e consulte um veterinário especializado ao notar sinais de estresse persistente.

Se o estresse persistir mesmo com ajustes ambientais, o auxílio de um veterinário especializado em aves é necessário, assim como exames clínicos, testes hormonais e estratégias comportamentais específicas.

Em casos graves, pode-se incluir redução gradual de barreiras entre o tutor e a ave, o uso moderado de medicação ansiolítica (sob rigorosa prescrição) e terapias de enriquecimento intensivo.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.