O polvo é um dos animais marinhos mais fascinantes do mundo: tem três corações, sangue azul, inteligência avançada e uma impressionante capacidade de camuflagem.
Embora não seja comum encontrá-lo como pet, algumas pessoas cogitam mantê-lo em aquários domésticos.
Mas especialistas alertam que a criação do polvo exige um ambiente controlado, cuidados complexos e profundo conhecimento sobre a espécie.
“Manter polvos em cativeiro não é uma tarefa simples. Eles precisam de espaço, água extremamente limpa e enriquecimento ambiental para não desenvolverem comportamentos estereotipados”, afirma o biólogo marinho Pedro Paulo Afonso, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em entrevista à revista Pesquisa Fapesp.
Segundo a VCA Hospitals, rede norte-americana de clínicas veterinárias, polvos vivem pouco, entre seis meses e dois anos, e são muito sensíveis a variações de temperatura e qualidade da água.
“Eles têm pouca tolerância a mudanças e podem parar de comer ou tentar fugir quando estressados”, diz a instituição em seu portal educativo.
Aquário deve ser marinho, bem estruturado e seguro contra fugas
Para manter um polvo em boas condições, o aquário deve ser marinho, com capacidade mínima de 200 litros, vedado contra fugas (já que o animal pode abrir tampas e válvulas) e com filtragem eficiente.
O Aquário Marinho do Rio de Janeiro, que abriga diferentes espécies, alerta para os seguintes requisitos:
- Controle rigoroso de temperatura e salinidade;
- Filtragem de alta qualidade para manter a água livre de toxinas;
- Enriquecimento ambiental com tocas, rochas e objetos que estimulem a curiosidade;
- Tampa de segurança, pois o polvo é mestre em escapar;
- Alimentação adequada com crustáceos vivos ou frescos.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforça que a manutenção de animais silvestres em cativeiro requer autorização do Ibama ou órgão ambiental estadual, o que inclui muitas espécies de polvos. A posse sem licença configura crime ambiental.
Bem-estar exige conhecimento técnico e responsabilidade
A criação de polvos em aquários não é recomendada para tutores iniciantes. O bem-estar da espécie depende não só de estrutura física, mas de conhecimento sobre o comportamento animal, parâmetros físico-químicos da água e dieta balanceada.
“É preciso garantir que o animal não esteja estressado, que tenha estímulos suficientes e que o ambiente simule de forma fiel o habitat natural”, destaca a professora de biologia marinha Tatiana Lima, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em seminário sobre animais exóticos promovido pelo ICMBio.