Gatos vivem cada vez mais; saiba como cuidar de gatos idosos e das doenças mais comuns

Especialistas da geriatria veterinária alertam para exames preventivos antes mesmo de sintomas aparecerem

Se há duas décadas um gato de 10 anos era considerado “muito velho”, hoje é comum encontrar alguns com 18 ou até 20 anos de vida

O perfil demográfico dos animais de estimação no Brasil está mudando, pois com os avanços na nutrição, a vacinação em massa e a migração dos gatos para dentro de casa, a expectativa de vida felina deu um salto. Se há duas décadas um gato de 10 anos era considerado “muito velho”, hoje é comum encontrar alguns com 18 ou até 20 anos de vida.

Esse fenômeno impulsionou o crescimento da geriatria veterinária, uma especialidade dedicada a garantir que a longevidade venha acompanhada de qualidade de vida, e não apenas de sobrevida.

As diretrizes da American Association of Feline Practitioners (AAFP) e da International Society of Feline Medicine (ISFM) reclassificaram recentemente os estágios de vida do gato. Animais a partir de 10 anos já são considerados “seniores”, e a partir dos 15, “geriátricos”.

É nessa fase que a Doença Renal Crônica (DRC) e a Doença Articular Degenerativa (osteoartrite) se tornam comuns.

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Sobre a questão da dor articular, estudos radiográficos indicam que a grande maioria dos gatos idosos sofre de algum grau de artrose, mas não manifesta isso mancando, e sim deixando de pular em lugares altos.

“Diferente dos cães, os gatos raramente mancam. Os sinais são sutis: hesitação para pular, dificuldade para usar a caixa de areia ou mudanças no temperamento”, explicam as Diretrizes de Manejo da Dor da International Society of Feline Medicine (ISFM).

Outro ponto crítico é a função renal. A Doença Renal Crônica é a principal causa de mortalidade em gatos idosos e é irreversível. No entanto, o diagnóstico precoce pode estender a vida do animal por anos.

A medicina veterinária brasileira tem alertado para a necessidade de exames preventivos antes mesmo dos sintomas aparecerem, pois quando o gato começa a beber muita água e urinar em excesso, cerca de 75% da função renal já pode estar comprometida.

Para adaptar a rotina e a casa a essa nova realidade demográfica, a Itatiaia preparou uma lista com as principais recomendações para gatos idosos, baseadas nos protocolos de Senior Care:

- Para um gato idoso, um ano humano equivale a cerca de quatro anos biológicos. Por isso, a recomendação veterinária padrão muda: check-ups anuais tornam-se insuficientes. O protocolo geriátrico exige consultas e exames de sangue a cada seis meses para monitorar a velocidade de degeneração dos órgãos.

- Se o gato parou de subir na cama ou na janela, não é preguiça, é provável dor. A adaptação do ambiente é crucial: o uso de rampas ou “escadinhas” ao lado de sofás e camas permite que o animal mantenha seu comportamento natural de vigilância em locais altos sem impactar as articulações.

- Gatos com artrose na coluna ou quadril sentem dor ao entrar em caixas de areia com bordas altas ou fechadas. O ideal é trocar por caixas com entradas baixas e aumentar o número de caixas pela casa, o que facilita o acesso e evita que o animal segure a urina e agrave problemas renais.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.

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