Conheça as aves de origem africana cada vez mais comuns no Brasil

Pequenas, coloridas e afetuosas, as aves conhecidas como ‘agapones’ encantam os tutores, mas sua criação deve seguir regras ambientais

O tutor que deseja ter um agapornis precisa se certificar de que a ave veio de um criadouro autorizado pelo Ibama, informação que pode ser verificada diretamente no site do Ibama

Conhecidos popularmente como agapones ou “lovebirds”, os agapornis são aves de origem africana e que hoje não são raras nos lares brasileiros. São aves sociais e inteligentes, que demandam estímulos e interação diária. Além disso, o ambiente deve oferecer segurança, espaço e qualidade de vida.

Mas criá-los exige permissão, regulamentação e só pode ocorrer com exemplares de origem legal.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a posse de qualquer animal silvestre ou exótico, como os agapornis, sem comprovação de procedência pode configurar crime ambiental.

“A aquisição de aves exóticas deve ocorrer apenas em criadouros comerciais devidamente autorizados pelo órgão ambiental competente, com emissão de nota fiscal e uso de anilha”, reforça o Ibama em nota técnica sobre o comércio de fauna exótica.

Leia também

A Itatiaia listou as informações básicas que você precisa ter antes de querer criar um agapornis em casa:

  • É obrigatório exigir nota fiscal e anilha do IBAMA, que comprovam que o animal nasceu em cativeiro legalizado.
  • O viveiro precisa ser amplo, ventilado e com boa iluminação natural, sem exposição direta ao sol ou correntes de ar.
  • Brinquedos, poleiros e momentos de convivência ajudam a evitar o estresse e o tédio.
  • Acompanhamento veterinário: é importante contar com um profissional especializado em aves para check-ups e orientação nutricional.
  • A base da alimentação da ave deve ser ração extrusada específica para psitacídeos, complementada com frutas frescas.

De acordo com o portal VetSmart, especializado em saúde animal, “a alimentação dos agapornis deve ser balanceada e rica em vitaminas A e C, que ajudam a manter a plumagem saudável e o sistema imunológico forte”.

As frutas são parte importante da dieta dessas aves. Entre as mais recomendadas por veterinários estão maçã (sem sementes), mamão, pera, banana, melancia e laranja. Já alimentos como abacate, carambola e caroços de frutas devem ser evitados, pois podem conter substâncias tóxicas ou causar problemas digestivos.

“É importante lembrar que frutas devem representar apenas uma pequena parte da dieta, evitando o excesso de açúcares e mantendo o equilíbrio nutricional”, orienta a médica-veterinária Maria Fernanda Gomes, em publicação do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).

Quando a criação é crime

Criar agapornis sem comprovação de origem legal é uma infração grave prevista na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). O artigo 29 determina que “matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente” é crime, com pena de seis meses a um ano de detenção e multa.

Assim, o tutor que deseja ter um agapornis precisa se certificar de que a ave veio de um criadouro autorizado pelo Ibama, informação que pode ser verificada diretamente no site do órgão.

Como resume o Ibama, “a posse responsável de aves exóticas depende do compromisso do tutor com o manejo ético, a origem regular e o respeito às normas de proteção da fauna”.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.

Ouvindo...