A Vale concluiu, em dezembro, a obra de descaracterização da barragem Campo Grande, localizada na Mina Alegria, em Mariana. Com isso, a empresa atinge 63% de execução do Programa de Descaracterização de barragens construídas pelo método a montante, modelo considerado de maior risco e proibido no Brasil desde 2019, após os rompimentos de Mariana (2015) e Brumadinho (2019).
A Campo Grande é a 19ª estrutura a ter as obras finalizadas pela mineradora. Durante a intervenção, foram removidos o alteamento a montante e realizadas etapas de reconfiguração da estrutura, reforços, impermeabilização e adequações no sistema de drenagem. Conforme determina a legislação, a barragem permanecerá sob monitoramento por pelo menos dois anos, enquanto toda a documentação e evidências técnicas seguem para validação dos órgãos fiscalizadores.
Segundo Rafael Bittar, vice-presidente executivo Técnico da Vale, o avanço representa a combinação de tecnologia e engenharia em prol da segurança. “A conclusão das obras de descaracterização da barragem Campo Grande demonstra como a inovação e a engenharia podem caminhar juntas para acelerar soluções seguras e sustentáveis. Alcançamos 63% de avanço no nosso Programa de Descaracterização, reforçando nosso compromisso com a segurança das comunidades e com a preservação ambiental”, afirmou.
A barragem Campo Grande é a primeira do Complexo Mariana a ter sua descaracterização concluída. Outras duas estruturas da região — Doutor e Xingu — seguem em processo de eliminação. O ritmo das obras tem impacto direto na segurança de cidades como Mariana, Ouro Preto e Catas Altas, historicamente marcadas pela atividade minerária e pelos episódios trágicos envolvendo rompimentos de barragens.
Em setembro, a Vale concluiu a descaracterização da barragem Grupo, na Mina de Fábrica, em Ouro Preto. Em 2025, também houve redução do nível de emergência da barragem Forquilha III, no mesmo complexo, deixando de existir qualquer estrutura da empresa em nível máximo de alerta.
Outros avanços relatados incluem a retirada do nível de emergência das barragens Doutor (Ouro Preto) e Dicão Leste (Catas Altas), além da redução de nível 2 para 1 na barragem Xingu, em Mariana — que também teve sua obra de descaracterização iniciada este ano.
Ao todo, o Programa de Descaracterização prevê a eliminação de 30 estruturas. Das 19 já concluídas, 16 estão em Minas Gerais e três no Pará. O investimento acumulado chega a R$ 12,7 bilhões.
Todas as barragens a montante da Vale no país estão inativas e sob vigilância permanente do Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG), que opera 24 horas por dia.
A conclusão da obra em Campo Grande reforça uma corrida técnica e institucional para reduzir riscos e recuperar a confiança das comunidades mineiras, que convivem com a mineração como atividade central da economia, mas também como fonte de preocupação constante.