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Ouro Preto recebe performance que usa o jogo de xadrez para refletir hierarquias e relações de poder

Instalação cênica utiliza o jogo como metáfora para refletir relações de poder e estruturas sociais

A instalação cênica Jogo de Xadrez” será apresentada no dia 22 de agosto, sexta-feira, às 16h, no Centro Histórico de Ouro Preto. Com entrada aberta ao público e sem necessidade de inscrição prévia, o projeto ocupa o espaço público por meio de uma performance que utiliza a lógica e os elementos do jogo de xadrez como metáfora visual e coreográfica.

A performance busca representar a estrutura de dominação, poder e resistência presentes na história e na sociedade contemporânea. A instalação performática se desdobra a partir dos movimentos corporais do elenco, composto por 13 pessoas, seguindo padrões inspirados nas peças do xadrez e explorando a interação entre estratégia, hierarquia e confronto. O trabalho culmina na desconstrução dessas hierarquias e na lembrança da essência humana comum, anterior à lógica da dominação, evidenciando reflexões sobre poder e convivência social.

Diego Bernardo, diretor do projeto fala sobre a concepção e realização da instalação:

“Usar elementos do jogo de xadrez como metáfora visual e coreográfica para esta instalação performática surge exatamente do próprio jogo, em que de um lado estão as peças brancas e, do outro, as peças pretas. Ali emergem pautas relacionadas às relações étnico-raciais, à colonialidade, à decolonialidade e à contracolonialidade. Esses conceitos são incorporados de forma sutil à cena, e um dos principais objetivos é descontinuar a história.”

O projeto integra a mostra final da disciplina Cenografia II, do curso de Arte Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ministrada pela professora Bruna Christofaro, e oferece aos estudantes a oportunidade de aplicar conceitos teóricos em experimentações práticas e públicas. A escolha da Praça Tiradentes como palco da instalação permite que o público acompanhe de perto a performance, aproximando a arte do cotidiano urbano e da memória histórica da cidade.

Diego, explica a escolha do centro histórico como espaço para montagem da instalação:

“Em minhas andanças pelo centro da cidade, sempre questionei a arte que se apresenta ali, nos museus, galerias ou nas ruas: que arte é essa que se transmite para nós, ouropretanos, e para os turistas? Sempre ousei perguntar e indagar: arte, qual é a sua? É nesse momento que surge a instalação cênica Jogo de Xadrez. A inspiração para usar elementos do jogo como metáfora visual e coreográfica vem da própria dinâmica do xadrez, com peças brancas de um lado e pretas do outro.”

O diretor também ressalta sobre as dificuldades na composição da obra:

“Eu tenho uma equipe de produção pequena, e trabalhar com um elenco grande no Centro Histórico de Ouro Preto exige adaptação. Os ensaios e a montagem da instalação precisaram lidar com trânsito, eventos e o acaso, sem incomodar ninguém. A performance busca provocar reflexão, rompendo limites com cuidado e respeito. Utilizo espaços importantes, como o Museu da Inconfidência e a estátua de Tiradentes, com liberação e orientação necessárias. Convido todos e todas a prestigiar esta cena, parte da mostra final da disciplina Cenografia 2, e a participar da experiência artística.”

Os organizadores convidam a comunidade local e visitantes a prestigiar a performance, que combina cenografia, movimento e reflexão social, inserindo-se na agenda cultural de Ouro Preto como uma experiência de arte pública e educativa.

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‎Laira Ferreira é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e estagiária na Rádio Itatiaia Ouro Preto.