Com o objetivo de recuperar a memória ferroviária de Ouro Preto, o projeto “Paisagens Pitorescas”, do IFMG – Campus Ouro Preto, desenvolve a reconstituição em 3D da estação ferroviária de Engenheiro Corrêa.
A estação foi inaugurada em 1896 como parte da Estrada de Ferro D. Pedro II, iniciada em 1855. Após a Proclamação da República, passou a integrar a Estrada de Ferro Central do Brasil.
Originalmente chamada Estação Sardinha, recebeu o nome atual em homenagem a Manoel Francisco Corrêa Júnior, funcionário da Central do Brasil que morreu em um acidente no quilômetro 514 da ferrovia.
A pesquisa é orientada pelo professor e historiador Alex Bohrer e utiliza fontes iconográficas e arquivísticas para reconstruir cenários históricos do município e seus distritos.
O professor Alex traz mais detalhes sobre a história da estação:
“A Estação Ferroviária de Engenheiro Correia destaca-se como um marco significativo no contexto histórico e geográfico do município de Ouro Preto. Sua construção, ocorrida no final do século XIX, insere-se no período de expansão da malha ferroviária, que impulsionou o desenvolvimento de diversas localidades.
A estação, em sua época, possuía todas as estruturas necessárias para seu funcionamento, incluindo agência bancária e serviços postais. É provável que, em suas proximidades, estivessem localizadas as residências dos funcionários da ferrovia, como o maquinista e o agente ferroviário. Um elemento fundamental, ainda preservado, é a caixa-d’água de ferro, essencial para o abastecimento das locomotivas a vapor, que funcionava como ponto de reabastecimento dessas máquinas.”
Ele ainda menciona que, assim como em outros distritos ferroviários de Ouro Preto, a estação de Engenheiro Correia representava o centro da vida social e econômica. Do mesmo modo que as igrejas barrocas são importantes para os distritos do século XVIII, as estações ferroviárias constituem pontos de referência para os distritos do século XIX.
E ressalta ainda que a preservação da estação de Engenheiro Correia e de outras similares é fundamental, pois elas são testemunhos da história local e elementos constitutivos da identidade da comunidade. É impossível dissociar a memória de Engenheiro Correia, Rodrigo Silva ou Miguel Burnetti de suas respectivas estações ferroviárias.
Já a modelagem da estação está a cargo do arquiteto Tiago da Cunha Rosa, do curso de especialização em Gestão e Conservação do Patrimônio Cultural, que menciona mais detalhes de como o trabalho está sendo realizado:
“Estamos participando do projeto “Paisagens Torescas”, contribuindo com a Estação Engenheiro Corrêa através da modelagem 3D. Este projeto, em desenvolvimento há algum tempo, visa a recuperação de paisagens alteradas ou destruídas ao longo da história. Na Estação, em colaboração com a equipe, estamos desenvolvendo uma modelagem que busca representar de forma gráfica e completa o funcionamento original da estação, tornando-a didática e acessível”, disse.
O projeto apresenta a estação em funcionamento e será disponibilizado a moradores, pesquisadores e estudantes.
De acordo com Gilson Antunes, coordenador da restauração, a reconstituição em 3D permite que novas gerações conheçam o funcionamento do patrimônio ferroviário e sua relevância histórica.
A restauração da estação tem patrocínio master do Grupo Herculano e patrocínio do Grupo J. Mendes, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Tem gestão da Holofote Cultural e apoio da Prefeitura Municipal de Ouro Preto.