O distrito de Miguel Burnier, localizado a cerca de 50 quilômetros de Ouro Preto, será tema do documentário “A Cidade que Ainda Sonha”, que terá lançamento nesta quinta-feira (4), às 19h, no Cine Vila Rica, anexo do Museu da Inconfidência.
O filme, dirigido por Marco Aurélio Ribeiro, tem 52 minutos de duração e foi produzido pela Camisa Listrada BH, em coprodução com a Navalha Produtora Audiovisual, de Ouro Preto, e com a Cristina Cairo Arquitetura. Classificado como telefilme, já foi licenciado pelo Canal Curta, que deve exibi-lo ainda em 2025 em data a ser definida. A obra também foi selecionada para festivais, entre eles o Imagem dos Povos.
As filmagens foram realizadas ao longo de quase dois anos, com visitas frequentes ao distrito e a seus subdistritos. A equipe de produção coletou relatos de moradores, pesquisou documentos e registrou o patrimônio cultural e natural da região. O resultado reúne informações sobre o cotidiano, a relação histórica com a mineração e a preservação da memória coletiva.
Marco Aurélio, diretor da obra, explica sobre as motivações.
“O filme surgiu a partir de uma demanda de Cristina Cairo, que desenvolvia um projeto de educação patrimonial em Miguel Bernier, focando no resgate da memória e dos bens materiais e imateriais do distrito. Inicialmente seria um vídeo curto, mas a produção com a Navalha Produtora revelou a riqueza histórica do local.
Miguel Bernier tem vocação minerária desde o século XVIII e se tornou importante com a chegada da linha férrea. No auge, na década de 1940, tinha mais de quatro mil habitantes e economia forte ligada à mineração. Com o fechamento da Barra Mansa em 1980 e a privatização da Liafairra, entrou em decadência. Hoje, menos de 100 moradores resistem, preservando o patrimônio e elementos arqueológicos raros do distrito”, disse.
A sessão de lançamento no Cine Vila Rica contará com um debate após a exibição, com a participação do diretor e da equipe. A atividade pretende apresentar ao público detalhes do processo de realização e discutir a relevância do registro audiovisual na valorização da história de comunidades do interior de Minas Gerais.
Miguel Burnier foi escolhido como tema por ser um distrito de grande extensão territorial, com patrimônio diversificado e vínculos diretos com a trajetória de Ouro Preto. A obra busca ressaltar aspectos da vida local e promover reflexões sobre a influência da mineração na constituição social e econômica da região desde o século XVIII.