O Dia da Saúde e da Nutrição, é comemorado neste 31 de março, e essa é uma data criada para incentivar os brasileiros a se lembrarem da relação da alimentação saudável com a saúde. E também é uma oportunidade para conversar sobre as práticas nutricionais e a importância de políticas públicas realistas e preventivas, como a redução de sal e açúcar no consumo doméstico e mudanças na rotulagem dos alimentos.
A prática da boa alimentação deve começar desde cedo, ao nascimento, com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida. Depois disso, os alimentos entram na vida da criança, fazendo com que a amamentação apareça só de complementar até os 2 anos de idade. Em seguida as crianças vão comer de uma forma, os adolescentes de outra e assim por diante. Isso acontece porque em cada fase da vida, o ser humano possui diferentes necessidades nutricionais.
É nesse contexto que a alimentação adequada e saudável se torna um direito humano básico. Ela é a garantia ao acesso permanente a uma prática alimentar adequada em todos os aspectos. Para que uma alimentação seja considerada adequada e saudável ela deve atender as necessidades do indivíduo.
Você sabia que o alimento tem funções que transcendem ao suprimento das necessidades biológicas? A alimentação agrega significados culturais, comportamentais e afetivos, que não podem ser desprezados. Então, para garantir uma alimentação adequada é preciso resgatar práticas alimentares regionais que valorizem o consumo de alimentos locais e a cultura familiar, com variedade em todos os ciclos de vida. Um outro ponto importante para que a alimentação seja considerada adequada é que ela esteja próxima do consumidor.
Por exemplo, um alimento que é muito difícil de comprar por ser encontrado somente a quilômetros de distância não é interessante parte da rotina. E também precisa ser acessível do ponto de vista financeiro. Uma alimentação adequada também é aquela que está presente em variedade e quantidade, com alimentos de cores variadas e balanceada em quantidade, sem que haja carências ou excessos.
Pensando em tudo isso, a implementação de políticas públicas relacionadas a alimentação é muito importante, porque elas são uma forma do governo apoiar a promoção de saúde, por meio da garantia à alimentação saudável e adequada.
Alguns programas ficaram muito famosos para ampliação do acesso a alimentação, como o PNAE que é o Programa Nacional de Alimentação Escolar: ele mudou a forma como as crianças recebem o alimento nas escolas públicas; o Programa Nacional de Suplementação de Ferro que oferece o sulfato ferroso para crianças e gestantes, tem como objetivo diminuir a incidência de anemia nesse público mais vulnerável; e também o Programa de Alimentação do Trabalhador, conhecido como PAT, que levou o trabalhador a receber cestas básicas, cartão alimentação ou ter direito de comer na empresa, para que pudesse trabalhar mais bem nutrido. Além desses, existem vários outros programas de incentivo ao acesso à saúde a depender do ciclo da vida que está passando.
Uma outra forma de melhorar a saúde é por meio da garantia da autonomia dos indivíduos, para que aprendam a fazer boas escolhas alimentares. O guia alimentar para a população brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, em 2014, traz recomendações gerais sobre a escolha de alimentos, orienta sobre como combinar os alimentos nas refeições e também informa sobre a redução do consumo do sal, de produtos processados e açúcar.
Porque o acesso a informações confiáveis sobre alimentação contribui para que pessoas, famílias e comunidades ampliem a autonomia, para que elas consigam exigir o cumprimento do direito humano à alimentação adequada e saudável.
Em geral, a autonomia é reforçada por meio do conhecimento. Então, uma estratégia que também reforça esse acesso às informações reais, é a nova rotulagem de alimentos que foi aprovada em outubro do ano passado (2022). O objetivo mudar o rótulo é tornar as informações daqueles alimentos, que passam por algum processo industrial, mais claras para o consumidor.
Muitas vezes, o consumidor não conseguia entender o que significavam aqueles valores descritos na tabela nutricional dos alimentos e, por vezes, nem conseguia enxergar todos aqueles números, mas ao olhar para uma embalagem no mercado e ver escrito “Alto em sódio” ou “Alto em açúcar” é bem simples de entender a mensagem que está sendo passada.
Tudo isso torna as pessoas mais participativas no processo das escolhas dos alimentos de forma consciente. Porque mais importante que falar a respeito de nutrição e saúde, no dia 31 de março, é de fato maximizar o acesso à saúde para que todos desfrutem de bem-estar, agora e no futuro.
Dez passos para uma alimentação adequada e saudável:
1) Faça dos alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.
A base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa e culturalmente apropriada é aquela rica em grãos, raízes, tubérculos, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes.
2) Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos
3) Limite o consumo de alimentos processados
Conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos. Por isso, em pequenas quantidades, podem ser consumidos, mas não devem ser a base da alimentação.
4) Evite o consumo de alimentos ultra processados
Alimentos ultra processados – como biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes e macarrão instantâneo não são bons. Porque tendem a ser consumidos em excesso e a ficar no lugar daqueles que são realmente bons, como as frutas, verduras, ovos e carne.
5) Coma com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia
Procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se envolver em outra atividade. Procure comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimento. Sempre que possível, coma em companhia, com familiares, amigos ou colegas de trabalho ou escola.
6) Faça compras em locais que ofertem variedades de alimentos naturais
Procure fazer compras em mercados, feiras livres de produtores locais que comercializam variedades de alimentos in natura. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.
7) Desenvolva, exercite e partilhe habilidades culinárias. Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las, principalmente com crianças e jovens.
Se você não tem habilidades culinárias, procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e... comece a cozinhar!
8) Planeje o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.
Planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Faça da preparação de refeições e do ato de comer momentos privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação.
9) Dê preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo podem ser boas opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em escolas ou no local de trabalho. Evite redes de fast-food.
10) Seja crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação.
Lembre-se de que a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos. O comércio não ensina sobre alimentação, pelo contrário, ele só deseja vender seus produtos a qualquer custo. Avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimentação e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.