Quadrilhas conhecidas por prática de assaltos a bancos, munidos de armamento pesado e ações violentas. O “novo cangaço” já fez vítimas em diversos estados do país, tendo como foco municípios médios ou pequenos, que tem menor efetivo policial.
Relembre algumas ações dos criminosos:
Escudos humanos e centenas de explosivos
Em 30 de agosto deste ano, em Araçatuba, no interior de São Paulo (SP), criminosos usaram moradores como escudo e espalharam aproximadamente 200 explosivos pela cidade, incluindo em vias públicas, bancos e interior de veículos abandonados pela gangue. O grupo também ateou fogo contra carros para dificultar a chegada da polícia.
O mega-assalto, que repercutiu no país, tinha como alvo três bancos. Os criminosos tentavam roubar R$ 90 milhões de uma agência, porém as cédulas foram destruídas automaticamente dentro do cofre.
Pelo menos 20 criminosos participaram da ação que deixou três pessoas mortas, sendo dois moradores e um suspeito. Além disso, cinco pessoas ficaram feridas, sendo que uma precisou amputar as pernas após ser atingida por um explosivo.
Equipes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) gastaram mais de 30 horas para desarmar e detonar os artefatos. Desde o início da operação, 17 pessoas foram detidas.
Morte a “sangue frio” de policial e agente de segurança
O dia 10 de julho de 2017 foi marcado por uma
O grupo, composto por mais de 30 homens, assaltou dois bancos do município. Ao virar a esquina, a gangue avistou o militar e o vigilante Leonardo José Mendes, de 53 anos, e disparou contra eles.
Quando os assaltantes se aproximaram fortemente armados, com pistolas, escopetas e submetralhadoras, o vigilante tentou se render, mas os criminosos foram impiedosos e atingiram ele com um tiro na cabeça. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança.
Em novembro daquele ano, seis bandidos foram condenados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Coletes à prova de balas, máscaras de palhaço e nove mortes
Era madrugada de sábado quando pelo menos 20 bandidos com rostos cobertos por máscaras e coletes à prova de balas invadiram Itamonte, no Sul de Minas. O objetivo era explodir caixas eletrônicos em cidades da região, como Caxambu e Passa-Quatro.
Em operação conjunta das polícias de Minas Gerais e São Paulo, nove integrantes da quadrilha morreram, sendo que quatro estavam dentro de um carro e outros cinco foram atingidos durante perseguição digna de filme policial.
Além disso, dois agentes foram alvejados. À época, apenas cinco pessoas foram presas. Destes, três foram capturados com ferimentos de disparos de arma de fogo.
A ação foi planejada, mas os criminosos não contavam que a polícia os seguia há tempos. Em cinco carros, eles saíram de São Paulo com destino a cidade mineira de apenas 14 mil habitantes. Porém, policiais vieram atrás deles.
O grupo foi coibido por 80 policiais que revidaram tiros. Na ação, foram apreendidos fuzis, pistolas, bananas de dinamite, um pé de cabra e ferramentas para arrombar caixas eletrônicos.
Além disso, outros dois criminosos foram encontrados em Guaratinguetá e Arujá, no interior de São Paulo. Pelo menos 14 bandidos fugiram.
Dois dias após a ação, um décimo homem teria sido morto pela polícia em São José dos Campos.
Sete mortes, máscaras do filme “V de Vingança” e metralhadoras
Em Campinas, no interior de São Paulo, bandidos não contavam com a Polícia Militar no meio do caminho de mais um crime do “novo cangaço”. A ocorrência foi registrada em 28 de março de 2018.
Após dois carros furarem bloqueio policial, a corporação foi atrás deles em uma estrada de terra, dando início a uma troca de tiros. Na ocasião, sete suspeitos foram mortos com vários tiros na região do rosto.
Os assaltantes seguiam para Joanópolis, no interior do Estado, para explodir caixas eletrônicos. Dentro do veículo, foram apreendidas 11 armas, sendo um fuzil e três metralhadoras, máscaras do filme “V de Vingança”, 13 detonadores e 26 cartuchos de emulsão explosiva.
Investigações foram realizadas e não apontam a existência de outros envolvidos.
Mais de 30 reféns, escudos humanos e 58 dias de perseguição por uma mata
O maior assalto do “novo cangaço” dos últimos dez anos no Mato Grosso foi registrado no dia 4 de junho deste ano, em Nova Bandeirantes. Os criminosos tinham como alvo duas agências bancárias e, para a ação, fizeram mais de 30 reféns.
Com roupas camufladas, os bandidos fortemente armados colocaram alguns moradores em carrocerias de caminhonetes. Imagens de câmeras de segurança mostram quando cinco bandidos pulam do veículo com armas apontadas em várias direções.
Depois, um disparo atinge o vidro de uma agência e os criminosos adentram ao local. Os reféns são obrigados a tirar a camisa e seguir para frente do banco.
Para a ação, as vítimas são usadas como escudo humano. Além de funcionários, quem passava em frente à agência também foi abordado para ser escudo. Com o objetivo de assustá-los, os criminosos dispararam durante toda a ocorrência.
Durante a fuga em uma caminhonete, eles ateiam fogo em um carro para dificultar a perseguição. Em seguida, eles adentram por uma mata fechada. Segundo a polícia, as buscas a pé duraram 58 dias. Treze carros e 12 armas foram apreendidas.
Após investigação, a polícia descobriu que a gangue planejou o roubo em 30 dias. Além disso, dos 22 homens que participaram do assalto, nove foram mortos, cinco foram presos, quatro estão foragidos e outros quatro vão responder em liberdade.
Arsenal das Forças Armadas e 8 horas de ação
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, criminosos explodiram uma agência com arsenal de uso restrito das Forças Armadas na madrugada do dia 27 de junho de 2019. Na cidade, pessoas também foram feitas como escudos humanos por 25 criminosos, em uma ação que durou quase 8 horas.
Na ocasião, pelo menos três pessoas foram baleadas, sendo que uma delas morreu uma semana depois.
Segundo a Polícia Militar (PM), à época, os bandidos tinham fuzis e metralhadores que podiam derrubar até aeronaves. Dois vigilantes inalaram bastante fumaça e precisaram de atendimento médico.
Após troca de tiros, dois homens e um rapaz foram rendidos em uma farmácia. Eles só foram liberados depois de eles saírem do local.
Dentro da caminhonete, eles seguiram pela BR-262, no sentido Araxá. Logo após, eles roubaram uma caminhonete e fizeram reféns em uma fazenda. O veículo foi abandonado com materiais e munição. Os criminosos ainda roubaram um caminhão, para transporte deles e reféns, porém se entregaram após cerco policial.
A maioria deles é da região de Campinas e Piracicaba, cidades paulistas. Em novembro daquele ano, ocorreu a última prisão, em Americana (SP). Ao todo, 14 suspeitos foram detidos.
Metralhadora capaz de derrubar aeronaves e 25 mortes em confronto
Uma quadrilha do novo cangaço entrou em confronto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Militar (PM) neste domingo (31). A ação ocorreu em um sítio nos arredores de Varginha, no Sul de Minas, e
Conforme a PM, esta é a maior operação realizada contra o novo cangaço na história do Brasil. Os criminosos estavam fortemente armados com pelo menos dez fuzis, uma escopeta calibre 12 e vários explosivos. Dentre as armas, os bandidos possuíam metralhadoras ponto 50, capazes de derrubar até aeronaves.
As informações foram apuradas em primeira mão pelo repórter Renato Rios Neto, da Itatiaia. Até o momento, não há informações sobre policiais feridos.
Apesar da ação violenta deste domingo, segundo a Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG), os crimes do novo cangaço apresentaram queda de 92% se levado em consideração números registrados desde 2016.
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