A final da Copa Libertadores em 27 de novembro, no Estádio Centenário, em Montevidéu, pode se transformar na maior revanche da história da competição, isso caso Atlético e Flamengo passem por Palmeiras e Barcelona (Equador) respectivamente, nas semifinais, e se enfrentem pela taça na capital uruguaia quatro décadas após a polêmica decisão do Grupo 3 da primeira fase da edição de 1981, há exatos 40 anos, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia.
Em 21 de agosto de 1981, os dois clubes fizeram a partida desempate após terminarem a chave, que contava ainda com os paraguaios Olimpia e Cerro Porteño, empatados com oito pontos.
A definição do local da partida e da arbitragem provocou uma batalha entre os dois clubes em reunião realizada na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 1981.
E os bastidores desta disputa, com base nos relatos dos jornais da época, evidenciam a influência flamenguista na decisão tomada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), com o aval da CBF.
O Galo queria o desempate jogado no Morumbi, em São Paulo. O Urubu, apesar do discurso de não ter preferência, pretendia o confronto no Serra Dourada, em Goiânia. O presidente da Federeção Baiana de Futebol na época, Márcio de Oliveira, chegou a oferecer a Fonte Nova, em Salvador, com uma compensação financeira aos dois clubes, mas a oferta acabou recusada.
Arbitragem
Em relação à arbitragem, a diretoria atleticana vetou José de Assis Aragão, que tinha comandado a polêmica partida decisiva entre os dois clubes pelo título brasileiro de 1980, no Maracanã, e os flamenguistas se manifestaram contrários a Arnaldo César Coelho.
Assim, se chegou ao nome de José Roberto Wright, que viria a ser o personagem da partida, com Oscar Scolfaro e Romualdo Arppi Filho como assistentes.
Como o Atlético abriu o assunto arbitragem, o Flamengo iniciou a conversa sobre local da partida e fez a absurda sugestão do Maracanã. Ela não foi aceita, pois o Galo pretendia o Morumbi. O sorteio, que era anunciado em manchete pelo jornal O Globo de 18 de agosto de 1981, dia da reunião, não aconteceu.
O delegado da Conmebol, o brasileiro Abílio de Almeida, diante do impasse entre os dois clubes, fez um contato, via telex, com o peruano Teófilo Salinas, presidente da entidade máxima do futebol sul-americano, e voltou com a decisão de que o confronto seria no Serra Dourada, o estádio pretendido pelo Flamengo, que tinha a certeza de que contaria com a maioria da torcida na capital goiana.
A viagem
Na véspera da partida, os dois clubes viajaram juntos para Goiânia, em voo que partiu do Rio de Janeiro, com a delegação do Flamengo.
Durante o trajeto, a cordialidade reinou no avião, com Zico sentando ao lado do médico atleticano, Neylor Lasmar, e Tita e Reinaldo conversando de forma descontraída.
O embarque alvinegro teve uma grande expectativa, relacionada a Toninho Cerezo. Ele estava sem contrato e sua presença na partida decisiva corria risco, mas o Atlético fez valer um artigo do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF) e o jogador teve que “pagar” ao clube uma suspensão que teve em 1979.
Assim, o volante viajou com o time para a decisão no Serra Dourada, onde formaria o meio-de-campo com Chicão e Palhinha.
A ficha pré-jogo publicada pelo O Globo