O português que fez um vídeo oferecendo 500 euros (R$ 3,1 mil, na cotação atual) pela cabeça de cada brasileiro decapitado foi denunciado no Ministério Público de Portugal, informou o jornal português Publico.
O homem, que não teve sua identidade revelada, publicou um vídeo no TikTok oferecendo 500 euros em espécie para quem trouxesse a cabeça de um brasileiro decapitado para ele. O vídeo viralizou nas redes sociais e causou revolta na comunidade brasileira no país e no mundo.
“Boa tarde, segue aqui esta nota [de 500 euros] para fazer o seguinte: a cada português que me trouxer a cabeça de um brasileiro, seja imigrante ou não, cada cabeça que me trouxer, cortada rente ao pescoço, eu pago 500 euros [...] Essa raça maldita.”, dizia ele no vídeo.
A denúncia partiu de um grupo de 39 advogados. Na queixa-crime registrada no MP, eles pedem: instauração imediata de inquérito criminal contra J. P. S. O.; identificação completa do denunciado, com confirmação de residência e atividade profissional; apreensão, perícia e preservação forense do vídeo e de todas as suas cópias; inquirição de testemunhas e quem compartilhou o vídeo; aplicação de medidas de coação adequadas; responsabilização criminal exemplar do denunciado; condenação à retratação pública, mediante pedido formal de desculpas à comunidade brasileira residente no país.
O grupo pede, ainda, que o homem seja enquadrado nos crimes de: homicídio na forma de incitamento, ameaça por meio de declarações com caráter intimidatório contra uma comunidade; discriminação e incitamento ao ódio e à violência em razão da nacionalidade, apologia pública ao crime e terrorismo.
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Devido à repercussão do vídeo, o homem foi demitido da padaria onde trabalhava. Uma pastelaria onde ele trabalhou anteriormente também afirmou que o homem já não trabalhava mais no local.
A Presidente da Casa do Brasil em Lisboa, Ana Paula Costa, lamentou o ocorrido. “Esta é a expressão mais perversa, violenta e criminosa do discurso anti-imigração, do racismo e da xenofobia em Portugal”, escreveu nas redes sociais.
“O senhor já foi identificado, supostamente é um pasteleiro, português do bem. Isto só demonstra que não há pessoa mais ou menos improvável para cometer discurso de ódio, sobretudo quando passamos a normalizar tamanha violência e a desumanizar os imigrantes”, acrescentou.
“Onde desejam a morte, eu desejo vida e justiça. Que o Ministério Público faça o seu trabalho. Dos pasteleiros aos políticos, Portugal não pode deixar o ódio prosperar”, finalizou.