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Os habitantes de ambos os lados reagiram divididos pouco depois que o presidente
O plano exige um cessar-fogo, a libertação dos reféns por parte do Hamas, o desarmamento desse movimento islamista e a retirada gradual de Israel da Faixa de Gaza.
“Está claro que este plano é pouco realista”, afirma à AFP Ibrahim Joudeh, de 39 anos, em seu abrigo na denominada zona humanitária de Al Mawasi, no sul de Gaza.
“Está redigido com condições que Estados Unidos e Israel sabem que o Hamas nunca aceitará. Para nós, isso significa que a guerra e o sofrimento vão continuar”, opina este programador de informática, originário da cidade de Rafah.
Abu Mazen Nassar, de 52 anos, está igualmente pessimista e teme que o plano tivesse como objetivo enganar as facções armadas palestinas que participam da guerra para que libertem os reféns mantidos em Gaza sem oferecer a paz em troca.
“Tudo isso é manipulação. O que significa entregar todos os prisioneiros sem garantias oficiais de que a guerra vai acabar?”, questiona.
“Como povo, não vamos aceitar esta farsa”, afirma. E acrescenta: “Seja qual for a decisão que o Hamas tome agora sobre o acordo, já é tarde demais.”
“Como sempre, Israel aceita e o Hamas rejeita, ou vice-versa. Tudo é um jogo, e o povo paga o preço”, resume Mohammed al Beltaji, de 47 anos e morador da Cidade de Gaza.
Outros poucos, como Anas Sorour, um vendedor ambulante de 31 anos de Khan Yunis, também deslocado para Al Mawasi, se atrevem a ter esperança.
“Nenhuma guerra dura para sempre. Desta vez estou bastante otimista e, se Deus quiser, será um momento de alegria que vai fazer com que esqueçamos nossa dor e nossa angústia”, acrescenta.
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‘Muito medo’
Depois que a iniciativa veio à tona, manifestantes na cidade de Tel Aviv, em Israel, ergueram bandeiras americanas e israelenses junto com cartazes com os rostos dos reféns.
“Estou mais otimista, embora ainda tenha um pouco de medo de ser tão otimista”, garante Hannah Cohen, tia da refém assassinada Inbar Hayman. “Tenho medo de voltar a me decepcionar, muito medo, porque temos sofrido muito com acordos que acabaram explodindo na nossa cara.”
Gal Goren, cujos pais morreram durante o ataque liderado pelo Hamas, também manifesta uma esperança cautelosa: “Hoje tentamos ser otimistas.”
“Ficamos muito felizes em ouvir o que Trump disse. Ficamos felizes em saber que Trump nos viu, que ouviu nosso chamado para acabar com esta guerra e trazer todos os reféns... para casa”, acrescenta.
Aviv, um advogado de 28 anos, disse que esperava ver o retorno de todos os reféns a Israel, a desmilitarização do Hamas e a retirada israelense de Gaza.
“Acredito que se o Hamas não aceitar este acordo, é preciso levá-lo adiante sem ele”, afirma, e acrescenta que deseja ver uma administração internacional no território palestino, sem futuro para o grupo islamista apoiado pelo Irã, como contempla o plano de Trump.
O ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, que desatou a guerra, causou a morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP feito com base em dados oficiais.
Dos 251 reféns sequestrados durante o ataque do movimento islamista, 47 permanecem em Gaza, entre os quais 25 que, segundo o Exército israelense, estariam mortos.
A ofensiva de represália de Israel já deixou até agora pelo menos 66.055 palestinos mortos, também civis em sua maior parte, segundo dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.
*Com AFP