Novo ataque russo mata 25 pessoas na Ucrânia; duas eram crianças

Ataque em larga escala no oeste do país levou Otan a lançar caças sobre a Polônia e a Romênia

‘O povo de Ternopil foi o que mais sofreu com a agressão russa’, diz Zelensky

Ataques aéreos russos atingiram dois prédios residenciais em Ternopil, no oeste da Ucrânia, deixando 25 mortos, entre eles três crianças, e dezenas de feridos, informou o serviço de emergência ucraniano nesta quarta-feira (19). A ofensiva, considerada rara nessa região próxima à Polônia e à Romênia, provocou a mobilização de jatos da Otan.

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O Ministério da Defesa da Romênia acionou dois Eurofighters da aliança militar e, posteriormente, dois F-16 romenos após um drone russo entrar no espaço aéreo do país. A Polônia também lançou aeronaves próprias e de aliados para reforçar a defesa de seu território. Aeroportos de Rzeszow e Lublin chegaram a ser fechados temporariamente para permitir a operação da aviação militar.

Segundo a Força Aérea da Ucrânia, centenas de drones e dezenas de mísseis foram disparados durante a madrugada. As autoridades afirmam que os prédios atingidos em Ternopil podem ter sido alvo de mísseis de cruzeiro Kh-101, conhecidos por contornar sistemas de defesa e possuir alta precisão.

O ataque ocorre enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tenta reativar negociações de paz e acordos de troca de prisioneiros durante visita à Turquia. Moscou não participa dessas conversas, mas Ancara mantém diálogo com ambos os lados. Paralelamente, segundo fonte ouvida pela CNN, os EUA trabalham nos bastidores em uma nova proposta de paz, conduzida pelo enviado especial Steve Witkoff, num momento em que o Kremlin sinaliza abertura para discutir um acordo.

O que diz Zelensky

Em uma publicação feita às 2h no X (antigo Twitter), o presidente Volodymyr Zelensky lamentou o ataque e afirmou que Ternopil “foi a mais atingida pela agressão russa nesta noite”. Segundo ele, 25 pessoas morreram, entre elas três crianças, e 93 ficaram feridas. “Mais uma vez, os russos mataram civis inocentes que simplesmente dormiam em suas casas”, escreveu.

Zelensky disse que ainda há pessoas sob os escombros e que as equipes de resgate continuam as buscas. Ele agradeceu aos parceiros internacionais que pressionam Moscou e reforçou que “a Rússia não vai parar por conta própria”.

“O objetivo [da Rússia] é continuar destruindo vidas na Ucrânia. Toda vida importa e deve ser protegida”, afirmou o presidente, acrescentando que pontos de apoio foram montados na cidade para atender as vítimas.

Impactos no país

Várias regiões ucranianas enfrentaram cortes de energia após novos ataques à infraestrutura. Em Kharkiv, no leste, ataques de drones deixaram feridos, incendiaram carros e danificaram prédios residenciais. A Rússia afirmou ter abatido quatro mísseis ATACMS de longo alcance, de fabricação americana , sobre a cidade de Voronezh, a cerca de 200 km da fronteira, classificando o episódio como escalada significativa.

A semana tem sido tensa também no entorno. O governo polonês acusou a Rússia de envolvimento em um “ato de sabotagem sem precedentes”, após a destruição de uma via ferroviária por dois cidadãos ucranianos supostamente ligados a serviços russos. Moscou negou. Em resposta, a Polônia anunciou o fechamento do último consulado russo no país.

Na véspera, os EUA autorizaram uma venda de US$ 105 milhões para que a Ucrânia modernize seu sistema de defesa aérea Patriot. Já durante visita à França, Zelensky acertou a compra de até 100 caças Rafale, além de sistemas antiaéreos e drones.

Com a intensificação dos ataques russos, países da Otan têm acionado jatos com maior frequência nos últimos meses, tanto para monitorar a guerra quanto para evitar incursões acidentais ou deliberadas em seu espaço aéreo.

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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