China aumenta compras de soja dos EUA pós-acordo, mas meta de Trump segue distante

Compra, somada às aquisições anteriores, eleva o total adquirido para pouco mais de 1 milhão de toneladas

Trump informou que os chineses poderiam comprar até 12 milhões de toneladas de soja em 2025

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou a venda de 792 mil toneladas de soja a China nesta terça-feira (18). A compra, somada às aquisições anteriores pós-acordo, eleva o total adquirido para pouco mais de 1 milhão de toneladas.

Apesar do movimento de aproximação comercial, a quantidade adquirida ainda está abaixo das expectativas estabelecidas por Donald Trump, o que pode frustrar os planos norte-americanos de alívio na balança comercial.

Segundo traders baseados na Ásia, a China tem efetuado estas compras para cumprir as promessas feitas a Washington durante a cúpula comercial em Busan, Coreia do Sul, mesmo que as cargas americanas apresentem preços mais altos do que as ofertas rivais brasileiras.

Distância da meta de Trump

Apesar do reaquecimento nas negociações após o acordo de final de outubro, o montante total de soja comprada está bem distante da meta ousada estabelecida pelo Presidente dos EUA, Donald Trump. Na ocasião, Trump informou que os chineses poderiam comprar até 12 milhões de toneladas de soja em 2025.

No entanto, a China não deu indícios de quanto iria importar, o que pode, segundo a avaliação de Raphael Mandarino, diretor da AgResource, “frustrar os planos de Trump”.

Pressão política de Washington

Em Washington, o Presidente Donald Trump elevou o tom de pressão. Nesta terça-feira (18), ele declarou querer que a China “acelere” as compras de soja e solicitou ao Secretário do Tesouro, Scott Bessent, que fizesse o pedido diretamente a Pequim.

Apesar da pressão, Trump demonstrou otimismo em suas declarações: “Nosso relacionamento com a China tem sido muito bom. E, quanto à compra de nossos produtos agrícolas, eles estão praticamente dentro do cronograma”.

Ainda na bolsa de Chicago (CBOT), o contrato de soja grão com vencimento em janeiro de 2026 (ZSF26) encerrou o pregão desta terça (18) com recuo de 0,32%, sendo cotado a US$ 11,54 por bushel.

Retomada da China nos EUA pressiona soja brasileira

A sinalização de retomada parcial das compras de soja da China nos Estados Unidos pressionou os prêmios de exportação no Brasil. Segundo o levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os contratos para embarque em 2026 retornaram a patamares negativos, movimento que não era observado desde julho deste ano.

Apesar disso, as cotações da oleaginosa no mercado físico permaneceram firmes ao longo da última semana. Pesquisadores do Cepea explicam que os vendedores brasileiros demonstraram preferência por negociar novos lotes com entrega imediata (spot) e pagamento longo, buscando garantir os atuais níveis de preço.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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