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Ex-presidente da França Nicolas Sarkozy é preso nesta terça-feira (21)

Sarkozy é o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser preso desde o fim da Segunda Guerra Mundial; defesa pede liberdade condicional

Ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, em discurso na Assembleia Geral da ONU em 2009

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy foi preso nesta terça-feira (21) em Paris, após ser condenado por financiamento ilegal de campanha com dinheiro vindo da Líbia. Ele é o primeiro ex-chefe de Estado francês detido desde o fim da Segunda Guerra Mundial por esse tipo de crime.

Sarkozy, que governou o país entre 2007 e 2012, se apresentou pela manhã à prisão de La Santé, onde deverá cumprir a pena de cinco anos de reclusão. Pouco antes, publicou nas redes sociais que “estavam prendendo um inocente” e classificou o caso como um “escândalo judicial”.

Prisão e reação pública

O ex-presidente deixou sua casa em um bairro nobre de Paris sob aplausos e gritos de apoio de dezenas de manifestantes. Alguns chamaram o julgamento de “político”.

Em entrevista ao jornal Le Figaro, Sarkozy afirmou que entraria “de cabeça erguida” na prisão, levando consigo uma biografia de Jesus e o livro O Conde de Monte Cristo, símbolo da injustiça.

Condenado por corrupção, Sarkozy, ex-presidente da França, recebe tornozeleira eletrônica

Para evitar contato com outros detentos, ele deve permanecer em uma das 15 celas isoladas de nove metros quadrados da unidade prisional. No momento de sua chegada, detentos gritaram frases como “Bem-vindo, Sarkozy!” e “Olha o Sarkozy!”.

Condenação e acusações

Em 25 de setembro, a Justiça francesa condenou Sarkozy por associação ilícita, ao permitir que aliados se aproximassem do governo líbio de Muammar Gaddafi, morto em 2011, para obter recursos que financiaram sua campanha de 2007.

Embora o tribunal não tenha comprovado o uso direto do dinheiro, ficou determinado que os valores vieram da Líbia. A sentença citou a “gravidade excepcional dos fatos” como justificativa para a prisão.

O ex-presidente já foi condenado anteriormente por corrupção, tráfico de influência e financiamento ilegal da campanha de 2012, e ainda responde a outros processos.

Pedido de liberdade condicional

Os advogados de Sarkozy solicitaram sua libertação condicional, medida possível para presos com mais de 70 anos. A Justiça tem até dois meses para decidir.

“Sarko”, como é conhecido, é o primeiro ex-líder de um país da União Europeia a ser detido. A prisão contrasta com sua imagem de linha dura contra o crime, construída quando chefiou o Ministério do Interior entre 2005 e 2007.

Repercussão e defesa da Justiça

Pesquisas indicam que cerca de 60% dos franceses consideram justa a prisão do ex-presidente. No entanto, suas críticas à Justiça mobilizaram setores da direita e da extrema direita.

A Procuradoria abriu uma investigação sobre ameaças feitas à juíza do caso nas redes sociais. O presidente Emmanuel Macron defendeu a independência do Judiciário e afirmou que recebeu Sarkozy no Palácio do Eliseu “por razões humanas”.

O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, também anunciou que visitará seu ex-mentor político na prisão — decisão criticada por promotores, que alertaram para riscos à independência dos magistrados.

Com agências
(Sob supervisão de Aline Campolina)

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Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.