Sanae Takaichi, de 64 anos, tornou-se nesta terça-feira (21), a primeira mulher a ocupar o
Takaichi será a quinta pessoa a chefiar o governo japonês em cinco anos. Ela inicia o mandato à frente de um governo minoritário e com uma agenda intensa, que inclui uma visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana.
Nomeação e formação do governo
Nessa última segunda-feira (20), o Partido Liberal Democrático (PLD), que governa o país, assinou um acordo de coalizão com o principal bloco de oposição, abrindo caminho para que Sanae Takaichi assumisse o cargo após votação na Câmara Baixa realizada nesta terça.
O Parlamento japonês aprovou o nome de Takaichi após ela conquistar a maioria dos votos no primeiro turno, sucedendo Shigeru Ishiba. A cerimônia de posse ocorrerá após um encontro com o imperador Naruhito.
Ex-baterista de uma banda de heavy metal, Takaichi foi eleita líder do governante Partido Liberal Democrático (PLD) em 4 de outubro. O partido, no poder há décadas, enfrenta uma queda de popularidade e um escândalo de financiamento.
Após a saída do Komeito, seu antigo aliado, Takaichi negociou uma nova coalizão com o Partido da Inovação do Japão (PIJ), acordo que garantiu sua governabilidade.
“Vou fortalecer a economia japonesa e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações”, afirmou a nova premiê.
Representatividade e polêmicas
Takaichi prometeu um gabinete com maior presença feminina, mas nomeou apenas duas ministras entre os 19 cargos disponíveis, as mesmas proporções de seu antecessor.
As novas ministras são Satsuki Katayama, que assume as Finanças, e Kimi Onoda, da Segurança Econômica. O Japão ocupa a 118ª posição entre 148 países no Relatório Global de Desigualdade de Gênero de 2025 do Fórum Econômico Mundial.
A primeira-ministra disse querer ampliar o debate sobre a saúde feminina e já falou publicamente sobre sua experiência com a menopausa. No entanto, ela se opõe à revisão da lei que obriga casais a compartilhar o mesmo sobrenome e defende que a sucessão imperial continue exclusivamente masculina.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, parabenizou Takaichi por “fazer história” com sua nomeação.
Relações internacionais e economia
Entre os principais desafios da nova primeira-ministra estão as negociações do acordo comercial com os Estados Unidos. Trump quer que o Japão pare de importar energia da Rússia e aumente os gastos com defesa.
“Takaichi precisa ser firme e saber dizer ‘não’ quando necessário”, afirmou Satoshi Sakamoto, 73 anos, morador de Nara, cidade natal da líder.
Ela também enfrenta o desafio de conter a queda populacional e reanimar a economia japonesa. Discípula do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, Takaichi já defendeu políticas de estímulo econômico e aumento dos gastos públicos.
Relação com a China
Conhecida por seu discurso crítico a Pequim, Takaichi afirmou no passado que a China “menospreza completamente o Japão” e representa “uma ameaça à segurança”. Nos últimos dias, no entanto, adotou um tom mais moderado.
Na semana passada, ela deixou de participar da cerimônia no santuário de Yasukuni, local polêmico por homenagear combatentes das guerras japonesas, gesto visto como uma tentativa de evitar novas tensões diplomáticas.
Em resposta à sua eleição, o governo chinês afirmou que “tomou nota do resultado” e expressou o desejo de “avançar nas relações bilaterais”, pedindo que o Japão cumpra seus compromissos em temas sensíveis como história e Taiwan.
Com agências
(Sob supervisão de Lucas Borges)