O governo dos Estados Unidos acusou três instituições financeiras mexicanas — CIBanco, Intercam e Vector — de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro a serviço de cartéis do narcotráfico. Como resultado, essas entidades estão agora proibidas de realizar determinadas transferências financeiras com parceiros americanos. A acusação aconteceu nessa quarta-feira (25).
A denúncia foi feita após uma investigação conduzida pela Rede de Controle de Crimes Financeiros (FinCEN), vinculada ao Departamento do Tesouro dos EUA. Segundo as autoridades americanas, “os bancos fizeram movimentação de milhões de dólares para os cartéis mexicanos, inclusive facilitando pagamentos para a compra de produtos químicos usados na produção ilegal de fentanil”.
CIBanco e Intercam são bancos comerciais com ativos de US$ 7 bilhões e US$ 4 bilhões, respectivamente. Já a corretora Vector administra quase US$ 11 bilhões. Washington afirma que essas instituições colaboraram diretamente com organizações criminosas como o Cartel do Golfo e o Cartel de Sinaloa.
Durante coletiva de imprensa, o subsecretário do Tesouro, Michael Faulkender, deu detalhes das acusações. “Em 2023, por exemplo, um funcionário do CIBanco teria ajudado na abertura de uma conta para lavar US$ 10 milhões em nome de um integrante do Cartel do Golfo. No fim de 2022, executivos do Intercam teriam se reunido com membros do mesmo cartel para discutir esquemas de transferência de recursos oriundos da China”, detalhou. Entre 2013 e 2021, a corretora Vector teria sido usada para lavar ao menos US$ 2 milhões ligados ao Cartel de Sinaloa.
Apesar das acusações, as medidas impostas pelas autoridades americanas não se configuram como sanções econômicas formais, mas sim como restrições específicas a operações financeiras, esclareceu uma funcionária da FinCEN.
Em nota, a Secretaria de Fazenda do México criticou a decisão e afirmou que os Estados Unidos não apresentaram provas concretas. “Se houver evidências contundentes, tomaremos medidas conforme a lei. No entanto, até agora, não temos nenhuma informação que comprove essas acusações”, declarou o órgão.
O CIBanco também se manifestou, negando qualquer envolvimento em atividades ilegais. “Não mantemos relação com práticas fora da legalidade”, publicou a instituição em sua conta na rede social X.
A ação dos EUA ocorre em meio ao agravamento da crise do fentanil no país. O governo americano estima que quase 50 mil pessoas morreram por overdose da substância apenas em 2024. O ex-presidente Donald Trump, que transformou o combate ao fentanil em uma de suas bandeiras políticas, já acusou o México de negligência no controle da produção e do tráfico do opioide sintético.