Na segunda-feira (14), os Estados Unidos deixaram em aberto a possibilidade de impor tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores, alimentando a incerteza em uma guerra comercial contra a China.
As tarifas do presidente Donald Trump se transformaram na pedra angular de sua política econômica e em uma ferramenta diplomática essencial para conseguir concessões de outros países.
Trump impôs uma tarifa universal de 10%, mas suspendeu outras mais altas para dezenas de parceiros comerciais por 90 dias, com exceção da China, que está sofrendo tarifas que chegam aos 145%. Pequim retaliou os Estados Unidos e fixou uma tarifa de 125% sobre produtos norte-americanos.
Seu Departamento de Comércio iniciou investigações sobre os “efeitos na segurança nacional” de produtos e ingredientes farmacêuticos, assim como de semicondutores e equipamentos de fabricação de chips, segundo documentos publicados no Registro Federal.
Em meio às ameaças de novas tarifas, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, anunciou que estão avançando as negociações com diversos países para firmar acordos comerciais — sem dar maiores detalhes.
Sobre o gigante asiático, ele afirmou que “há um grande acordo a ser feito”, mas foi vago quanto ao calendário ou às possibilidades de êxito.
Washington pareceu aliviar ligeiramente a pressão na sexta-feira, ao conceder isenções tarifárias para smartphones, laptops, semicondutores e outros produtos eletrônicos que a China exporta em grande quantidade.
De curta duração?
Mas Trump e alguns de seus principais assessores disseram no domingo que essas isenções foram mal interpretadas e serão apenas temporárias.
“Ninguém escapa (...) Muito menos a China, que de longe é quem nos trata pior!’, publicou Trump em sua plataforma Truth Social.
O Ministério do Comércio chinês interpretou a medida de sexta-feira como “um pequeno passo” e insistiu que todas as tarifas devem ser eliminadas.
O presidente chinês, Xi Jinping, advertiu, ao iniciar uma viagem pelo sudeste asiático em Hanói (Vietnã), que o protecionismo “não leva a lugar nenhum” e que em uma guerra comercial “não haverá vencedores”.
A China tem tentado se apresentar como uma alternativa estável diante de um Washington errático, buscando apoio de países preocupados com a tempestade econômica global.
A Coreia do Sul, sede da maior fabricante mundial de chips, a Samsung, anunciou nesta terça-feira planos para investir mais 4,9 bilhões de dólares em sua indústria de semicondutores diante da “crescente incerteza” provocada pelas tarifas dos Estados Unidos.
Bessent declarou à Bloomberg TV que já começaram as conversas com o Vietnã, e que na quarta-feira começarão com o Japão, e na semana que vem, com a Coreia do Sul.
O comissário de Comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, se reuniu em Washington com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e com o representante comercial de Trump, Jamieson Greer.
Ao final do encontro, Sefcovic considerou possível alcançar um acordo que possa incluir reciprocidade tarifária “zero por zero” para bens industriais. Mas advertiu: “Conseguir isso exigirá um esforço conjunto significativo de ambas as partes”, declarou.
A guerra comercial de Trump levantou temores sobre uma possível recessão econômica. O dólar caiu e os investidores venderam títulos do Tesouro americano, tradicionalmente considerados investimentos de refúgio seguros. (Com AFP)