O presidente da Argentina, Javier Milei, está no centro de uma polêmica que pode ter graves consequências para seu mandato. Na sexta-feira (15), o ultraliberal anunciou nas redes sociais um projeto para ajudar empresas locais. Junto, ele colocou um link para a compra de uma criptomoeda, a $LIBRA, lançada no mesmo dia.
Em poucas horas, o preço da criptomoeda $LIBRA passou de US$ 0,25 para US$ 5,54 em questão de minutos. Porém, os investidores originais a venderam com um lucro milionário, e o
Estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham sofrido prejuízos que, somados, chegam a 250 milhões de dólares (R$ 1,42 bilhão). Devido às repercussões do escândalo, a bolsa argentina caiu quase 6% na segunda-feira (17).
Logo após a desvalorização da moeda, Milei apagou a publicação original no X (antigo Twitter) e disse que “não estava inteirado dos detalhes do projeto”. Em uma entrevista ao canal TN, nesta segunda, o presidente argentino negou ter promovido a criptomoeda e afirmou ter agido “de boa-fé" ao divulgar informações sobre ela nas redes sociais. “Eu não a promovi, eu a divulguei”, alegou Milei.
Oposição acusa Milei de fraude e pede impeachment
Dezenas de denúncias contra Milei e outros envolvidos, tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos, foram apresentadas a um tribunal federal que deve investigar o presidente por crimes, como associação criminosa, fraude e descumprimento de deveres, entre outros.
Deputados da União pela Pátria (peronismo), coalizão de oposição, anunciaram que instauraram um procedimento de impeachment por “criptofraude”. No entanto, eles ainda estão longe de conseguir os votos necessários para conseguir retirar Milei do poder.
Para que o processo se concretize, são necessárias maiorias qualificadas de dois terços em ambas as câmaras. Essa possibilidade, “de 0 a 10, é zero”, disse o analista político Carlos Germano à AFP.
O que pode acontecer se Milei sofrer um impeachment?
O advogado Adolfo Suárez Erdaire, especializado em fraudes digitais e que investiga o caso, disse à AFP que mesmo que Milei sofra um impeachment, “a única pena que o presidente teria no âmbito político seria a destituição e a inabilitação para voltar a ocupar cargos públicos”.
Mas mesmo se o impeachment não acontecer, o que é o mais provável, o presidente argentino ainda sim poderá lidar com as consequências legais de seu ato. Após o fim do mandato, Milei pode ser levado a justiça comum e ser jugados por crimes que têm penas de até seis anos de prisão. Ele ainda pode ser alvo de processos civis de reparação de prejuízos aos afetados.
*Com informações de AFP