A Justiça Federal da Argentina investiga se o presidente do país, Javier Milei, cometeu crime ao promover em suas redes sociais uma criptomoeda que colapsou horas após seu lançamento, o que desencadeou uma nova crise política. Mais de 40 mil pessoas sofreram prejuízos.
A polêmica ocorreu na última sexta-feira (14), após Milei postar na rede social X, um projeto para financiar empresas locais, incluindo um link que encaminhava para um contrato digital de compra de uma criptomoeda criada no mesmo dia. A imprensa local trata o caso como ‘criptogate’.
Em poucas horas, o preço da criptomoeda $LIBRA subiu de centavos para 4.978 dólares (R$ 28,4 mil). No entanto, o valor do ativo desabou em poucas horas, ocasionando perdas bilionárias.
A primeira reação do presidente argentino foi apagar a publicação promocional de sua conta no X (antigo Twitter), substituindo-a por uma nova mensagem na qual afirmava não ter nenhum vínculo com o “suposto empreendimento privado”, do qual não conhecia os “pormenores”.
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Investigação
Um tribunal federal foi nomeado nesta segunda-feira (17) para centralizar as denúncias que pedem para apurar se Milei cometeu crimes como associação criminosa, fraude e descumprimento dos deveres de funcionário público, entre outros.
‘Denunciamos que Milei fez parte de uma associação criminosa que especifica uma fraude com a criptomoeda $LIBRA, afetando simultaneamente mais de 40 mil pessoas com perdas superiores a 4 bilhões de dólares (cerca de R$ 23 bilhões)’, afirmou em comunicado a organização social Observatório do Direito à Cidade, cujos advogados estão à frente de uma das ações judiciais.
Um escritório de advocacia informou, também nesta segunda-feira, que apresentou uma denúncia ao Departamento Federal de Investigação (FBI) e ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
‘Estamos diante de uma trama de fraude em massa cometida não apenas contra nossos clientes, mas contra milhares de pessoas de diferentes jurisdições’, entre eles muitos americanos, segundo a denúncia publicada pelo jornal La Nación, que aponta para Milei e outros quatro indivíduos.
Enquanto isso, deputados opositores da coalizão União pela Pátria (peronismo) anunciaram que promoverão o impeachment contra Milei no Congresso, e outras forças políticas pedem a instauração de uma comissão de investigação e a convocação do presidente para interrogá-lo.
A Bolsa argentina caiu quase 6% no fechamento devido às repercussões do escândalo. Os mercados de Nova York não abriram nesta segunda-feira devido a um feriado nos Estados Unidos.
O que diz Milei?
O presidente da Argentina, Javier Milei disse que atuou “de boa fé" quando “difundiu” informações sobre a $LIBRA, depois de saber que está sendo investigado.
‘Eu não promovi; eu espalhei’, disse Milei ao canal TN. Isto "é um problema entre privados porque o Estado não joga nada”, acrescentou.
*Com informações da AFP