Governador Valadares tem uma relação especial com os Estados Unidos que remonta à década de 1940. Conhecida como uma das cidades com maior fluxo migratório para o país, o município da região do Vale do Rio Doce criou uma conexão com os norte-americanos que é ligada ao desenvolvimento de Minas Gerais.
Tudo começou com a presença de engenheiros vindos dos EUA em Valadares para atuar em projetos de infraestrutura e exploração de recursos naturais na região. Em 1942, engenheiros norte-americanos chegaram à cidade para trabalhar na ampliação da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que conecta Vitória (ES) a Belo Horizonte (MG).
Após a conclusão das obras, enquanto a maioria dos engenheiros retornou aos EUA, um deles, conhecido como Mister Simpson, optou por permanecer em Governador Valadares com sua família. Eles fundaram a primeira escola de inglês da cidade e promoveram programas de intercâmbio, facilitando que jovens locais estudassem nos Estados Unidos.
Essa interação inicial com norte-americanos introduziu elementos da cultura dos EUA na comunidade local, fomentando um fascínio pela “América” e estabelecendo as bases para futuras migrações de valadarenses.
Dificuldades econômicas
Mais tarde, a migração significativa de moradores de Governador Valadares para os Estados Unidos ganhou outros contornos sociais e econômicos.
Durante as décadas de 1960 e 1970, Valadares, como muitas cidades do interior de Minas Gerais, enfrentava dificuldades econômicas, com poucas oportunidades de emprego, especialmente para jovens. A economia local dependia principalmente de pequenas atividades comerciais e do setor agropecuário.
Nos anos 1970 os primeiros imigrantes ajudaram amigos e parentes a também migrarem, formando uma rede sólida de apoio e criando uma “tradição migratória”. Governador Valadares passou a ser conhecida como um “celeiro de migrantes”.
Aumento do fluxo
A partir dos anos 1980 e 1990, houve um aumento do fluxo migratório ilegal. Muitas pessoas recorreram aos “coiotes” (traficantes de pessoas) para cruzar a fronteira entre o México e os EUA.
Já nas décadas de 1990 e 2000, o dólar era muito valorizado em relação ao real e, com isso, muitos valadarenses que migraram enviavam dinheiro para suas famílias, o que fez com que as chamadas “casas de câmbio” e empresas de transferência de dinheiro se espalhassem pela cidade.
Essa conexão foi tão forte que Governador Valadares ganhou o apelido de “Capital dos Brasileiros nos Estados Unidos”. Atualmente, milhares de valadarenses (ou seus descendentes) vivem nos EUA.