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Menina de 11 anos sobrevive por três dias no mar após naufrágio na Itália

Criança foi encontrada por tripulação de navio e está sob cuidados da Cruz Vermelha

Menina de 11 anos sobrevive por três dias no mar após naufrágio na Itália.

Uma menina de 11 anos foi encontrada sozinha à deriva no Mar Mediterrâneo após ter sobrevivido ao naufrágio de um barco que levava mais de 40 migrantes. Ela foi resgatada durante a noite depois de três dias, disse uma instituição de caridade de resgate.

Originária de Serra Leoa, na África Ocidental, a criança conseguiu se manter flutuando graças a duas câmaras de ar para pneus e a um colete salva-vidas e chegou a enfrentar tempestades com ondas de até quatro metros de altura, de acordo com a ONG alemã Compass Collective. Um veleiro da entidade humanitária encontrou a menina gritando no mar por volta de 3h20 da madrugada (horário local), enquanto navegava pela região para socorrer outros migrantes, e a levou para a ilha italiana de Lampedusa, porta de entrada para deslocados internacionais na Europa.

“Foi um milagre ter ouvido a voz da menina em alto mar, com o motor de nossa embarcação ligado”, disse o capitão do veleiro, Matthias Wiedenlubbert, que calcula que ela tenha passado pelo menos dois dias na água. Ela foi resgatada na última quarta-feira (11). Uma equipa de caridade cuidou da menina e levou-a para Lampedusa, que fica mais perto do Norte de África do que o resto de Itália e é muitas vezes o primeiro ponto de desembarque de migrantes.

Após assistência médica, a menina foi transferida para um centro de detenção de migrantes, onde funcionários e voluntários da Cruz Vermelha italiana cuidavam dela, disse a Cruz Vermelha.

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Ao desembarcar em Lampedusa, ilha que fica mais perto da costa tunisiana do que da Península Itálica, ela foi submetida a exames em um ambulatório, mas passa bem, apesar do trauma.

“Fui encontrá-la no ambulatório, e ela estava tranquila, esperava vê-la muito mais assustada. Mas ela estava apenas muito, muito cansada”, disse à ANSA Francesca Saccomandi, voluntária da ONG Mediterranean Hope, projeto de assistência a refugiados financiado por igrejas evangélicas italianas.

A rota de migração marítima entre a Tunísia, a Líbia, a Itália e Malta é uma das mais perigosas do mundo, com mais de 24.300 desaparecidos ou mortos desde 2014, segundo a Organização Internacional para as Migrações.

“Deixei com ela um pequeno kit que damos às crianças que chegam na ilha: uma mochila com um álbum de colorir e lápis”, acrescentou a ativista. A serra-leonina também relatou aos médicos que viajava com um irmão, que está desaparecido.
A Itália enviou barcos de patrulha e aeronaves para investigar a área onde a menina foi encontrada, que fica em uma das rotas migratórias mais mortais do mundo.

Segundo o Ministério do Interior, 64 mil migrantes forçados desembarcaram na costa italiana em 2024, uma queda de 58% em relação ao mesmo período do ano passado. Já de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 1.536 pessoas morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia do Mediterrâneo Central neste ano, contra 2.526 de 2023 inteiro.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.