A queda do presidente sírio Bashar al-Assad, após 24 anos no poder, marca um ponto de virada na história da Síria e do Oriente Médio. As Nações Unidas alertaram para ‘esperanças cautelosas’ após a tomada de Damasco por rebeldes islâmicos, classificando o momento como decisivo e que põe fim a meio século de poder do clã Assad.
Em comunicado, a ONU declarou que o dia 8 de dezembro de 2024 ‘marca um ponto de virada na história da Síria, uma nação que suportou quase 14 anos de guerra civil’. Bashar al-Assad governou a Síria com mão de ferro, reprimindo de forma sangrenta as manifestações pró-democracia em 2011, que se transformaram em uma das guerras civis mais violentas do século XXI.
Reações internacionais
A comunidade internacional reagiu rapidamente aos eventos. A diplomacia da União Europeia saudou a queda de Assad como positiva, enquanto a China expressou esperança de que a Síria retorne à estabilidade o mais rápido possível. O Iraque apelou para que se respeite a vontade de todos os sírios, e o Talibã parabenizou o povo sírio e os rebeldes.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou o evento de ‘dia histórico’, celebrando a queda de um líder do que ele considerou o ‘eixo do mal’ liderado pelo Irã. A Ucrânia, por sua vez, afirmou que ‘as ditaduras que apostam no presidente russo Vladimir Putin estão condenadas ao mesmo fim’.
Incertezas sobre o paradeiro de Assad
O paradeiro de Bashar al-Assad permanece incerto. Relatos indicam que seu avião pode ter sido derrubado, e o contato com o ditador foi perdido após ele abandonar Damasco. O primeiro-ministro sírio, Mohamed Gazi al-Jalili, informou que conversou por telefone com Assad, mas não conseguiu mais contatá-lo desde então.
Em Damasco, dezenas de pessoas se reuniram na praça central para celebrar a queda do regime, derrubando e pisoteando uma estátua de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que governou a Síria de 1971 até sua morte em 2000.
Perspectivas para o futuro
O diretor do Instituto de Ciências Sociais da PUC Minas e professor de geopolítica, Dani Zarredini, avalia o cenário: ‘Saiu uma ditadura cruel e autoritária que torturava e matava. Agora, precisamos esperar para ver que tipo de regime nascerá disso. Temos que observar como as forças internas da Síria, que agora tomam o poder, chegarão a um acordo político para termos uma ideia do tipo de Síria que surgirá a partir de 8 de dezembro de 2024'.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil recomendou que os brasileiros que moram na Síria deixem o país por meios próprios até o retorno à normalidade. Para aqueles que decidirem permanecer, o Itamaraty aconselhou seguir as indicações de segurança das autoridades locais, evitar áreas de risco e não participar de aglomerações e protestos.
O governo brasileiro declarou apoio aos esforços para uma solução política e negociada do conflito, respeitando a soberania e a integridade territorial da Síria. A comunidade internacional agora observa atentamente os próximos passos deste país crucial para o equilíbrio geopolítico do Oriente Médio.