Ao som do áudio no qual uma mulher comemora com os dizeres ‘magras, magras, magras’, milhares de internautas têm compartilhado vídeos com frases e pensamentos que possuem em relação à magreza. Umas escrevem que esperam que alimentos deem diarreia para emagrecer, outras que esperam adoecer, terem dengue ou ficarem resfriadas, para também perderem peso.
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Com idades variadas, as pessoas que compartilham esse tipo de conteúdo são majoritariamente mulheres. A repercussão do tema é tanta que saiu do ambiente online e foi parar nos ginásios das escolas. Recentemente, um jovem compartilhou um som inusitado vindo da quadra de um colégio que fica próxima ao apartamento dele, várias crianças gritando em coro: ‘magras, magras, magras!’.
À Itatiaia a psicanalista Marli Pereira aponta que esse é um tipo de conteúdo que pode trazer muitos danos a saúde mental de crianças e adolescentes. “Há um grande impacto na saúde mental dessas pessoas, que vão sempre querer pertencer a essa cultura de ‘ser magro’, identificando como uma beleza ideal. Há o risco, inclusive, de desenvolverem com isso, vários transtornos alimentares e mentais, como Anorexia e Bulimia”.
Para ela, é um conteúdo que o público mais jovem não deveria ver ou consumir.
Distúrbios alimentares
Segundo a nutricionista Giovanna Pimentel, é um processo comum que, com os passar dos anos, a visão sobre os corpos mude drasticamente - o físico desejado há cinco anos, não é o mesmo da atualidade. “Temos visto, principalmente em adolescentes e jovens o anseio por um corpo magro ou ‘shapeslim’ que tem tomado cada vez mais destaque nas redes sociais. Muitos desses vídeos tem como intuito mostrar que o baixo peso é motivo para comemorar, e isso tem um efeito negativo em pessoas que possuem distúrbios alimentares”, comenta.
A nutricionista afirma que esses conteúdos podem estimular que as pessoas deixem de comer certos alimentos por prazer ou até mesmo para se nutrirem a fim de alcançarem um padrão estético. “Há casos em que a pessoa se alimenta e acaba se culpando e tomando atitudes que podem prejudicar sua nutrição”, esclarece.
Outro ponto destacado por Giovanna, é que esses conteúdos estimulam a ideia de que o baixo peso é o padrão de corpo ideal e que aqueles que não se enquadram estariam errados. “Daí nascem, cada vez mais, dietas malucas e sem comprovações científicas, visando somente estar magra e não a questão de estar bem nutrido e consumir alimentos que realmente vão te fazer bem, sem ter o efeito rebote de culpa ou frustração”, aponta.
O que diz o Tik Tok?
Questionado pela Itatiaia sobre a veiculação desses conteúdos na plataforma, o Tik Tok afirmou que tem diretrizes rígidas sobre o comportamento observado na Trend. “Não permitimos, na plataforma, conteúdo que mostre, descreva, promova, ofereça ou solicite instruções para alimentação desordenada, ou comportamentos perigosos de perda de peso”, esclareceu a plataforma.
Ainda segundo o Tik Tok, conteúdos que promovem tipos de corpo como ideais ou perfeitos são inelegíveis ao feed ‘Para Você' e restrito para contas menores de 18 anos.