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Cérebros milenares podem ajudar a explicar doenças mentais atuais, diz pesquisadora

Doutoranda em Oxford, Alexandra Morton-Hayward estuda um compilado de informações sobre mais de 4 mil cérebros; o mais antigo tem cerca de 1.200 anos

Estudo analisa fósseis de cérebros preservados

A antropóloga inglesa Alexandra Morton-Hayward acredita que ao estudar fósseis de cérebros, encontrados em escavações arqueológicas, é possível desvendar como esses órgãos sobrevivem à devastação do tempo, além de entender se as doenças conhecidas hoje também estavam presentes na antiguidade.

Estudante de doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Morton-Hayward explica que, apesar de comumente não serem encontrados intactos como os ossos, os cérebros preservam-se surpreendentemente bem nos registros arqueológicos. Em sua pesquisa, a cientista compilou informações sobre 4.405 cérebros desenterrados por arqueólogos. Os mais velhos tinham cerca de 1.200 anos.

Para o médico e patologista do Hospital Universitário da Dinamarca do Sul, Martin Wirenfeldt Nielsen, o estudo vai auxiliar os cientistas a entenderem se doenças atuais já existiam há milhares de anos.

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“Este banco de dados permitirá aos cientistas estudar o tecido cerebral desde os tempos antigos e determinar se as doenças conhecidas hoje também estavam presentes há muitos anos em civilizações completamente diferentes daquelas em que vivemos atualmente”, disse o médico, que apesar de não estar ligado à pesquisa, é responsável pela coleção de cérebros da Universidade da Dinamarca do Sul.

“Examinar tecidos de cérebros que não foram expostos ao ambiente e aos estímulos da sociedade moderna pode nos ajudar a compreender se algumas das doenças cerebrais que encontramos hoje podem ser, pelo menos em parte, causadas pela forma como vivemos agora”, completou.

Por que alguns cérebros ficam conservados?

Morton-Hayward analisou publicações de três séculos da literatura científica e entrevistou historiadores e arqueólogos para catalogar os cérebros.

De acordo com a cientista, os órgãos mais preservados são encontrados assim por conta de condições climáticas. O tempo seco e quente desidratava o cérebro, de forma semelhante a mumificação. Porém, cerca de 1.328 cérebros sobreviveram, mesmo com a decomposição dos demais tecidos moles. O porquê os cérebros ficaram preservados dessa forma ainda é um mistério.

“Temos este quinto mecanismo, este mecanismo desconhecido que supomos que poderia ser uma forma de reticulação molecular, possivelmente promovida pela presença de metais como o ferro”, disse ela, referindo-se à possibilidade de proteínas e lipídios no cérebro se fundirem na presença de elementos como ferro ou cobre, permitindo a preservação do cérebro.

O estudo de cérebros antigos preservados pode revelar ainda mais informações sobre como era a vida há milhares de anos. “O cérebro é o (órgão) mais metabolicamente ativo do corpo humano. Representa 2% do nosso peso corporal, mas consome 20% da nossa energia, fazendo coisas constantemente. É um órgão incrivelmente complexo e, portanto, tem uma composição biomolecular realmente incomum. Portanto, para começar, o tipo de riqueza de informações é muito maior”, explicou Morton-Hayward.

*Com informações da CNN

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