A Suprema Corte dos Estados Unidos pôs fim nesta sexta-feira (24) a uma sentença que por quase meio século garantiu o direito das mulheres americanas ao aborto, mas que nunca havia sido aceita pela direita religiosa.
Essa decisão não torna a interrupção da gravidez ilegal, mas leva os Estados Unidos de volta à situação que prevalecia antes da decisão “Roe vs. Wade” de 1973, quando cada Estado era livre para autorizá-la ou não.
Em um país muito dividido, é provável que metade dos estados, especialmente do Sul e Centro mais conservadores e religiosos, possam banir a prática do aborto no curto prazo.
“A Constituição não faz nenhuma referência ao aborto e nenhum de seus artigos protege implicitamente esse direito”, escreveu o juiz Samuel Alito, em nome da maioria.
Neste contexto, Roe vs. Wade “deve ser anulado”, apontou.
"É hora de devolver a questão do aborto aos representantes eleitos pelo povo”, aos parlamentos locais, escreveu.
Tal formulação é muito semelhante ao projeto de sentença que vazou no início de maio, causando grandes manifestações em todo o país e uma onda de indignação na esquerda.
Desde então, a situação tem sido tensa nas imediações da Suprema Corte, isolada pelas forças de segurança para manter os manifestantes à distância.
Em 8 de junho, um homem armado foi preso perto da casa do magistrado Brett Kavanaugh e acusado de tentativa de homicídio.
Biden pediu que eleitores lutem pelo direito ao aborto
O rascunho da opinião a ser emitida pelo máxima instância judicial do país, revelado pelo site Politico e que pode se tornar oficial em alguns meses, agitou Washington.
Na ocasião, o presidente da Suprema Corte, John Roberts, declarou que o rascunho é “autêntico”, mas precisou que uma decisão final ainda não foi tomada. Ele ordenou uma investigação sobre o vazamento do documento.
O presidente Biden, que lidera a luta democrata para proteger o acesso ao aborto, pediu aos americanos que bloqueiem os esforços dos conservadores para invalidar a histórica decisão da Suprema Corte de 1973 no caso Roe vs. Wade, que consagrou o direito à interrupção da gravidez nos Estados Unidos.
Neste contexto, ele considerou que uma decisão nesse sentido pela Suprema Corte ameaçaria “toda uma série” de outros direitos.