A decisão de um tribunal de Hong Kong determinou a falência da imobiliária chinesa Evergrande nesta segunda-feira (29), após ordenar a liquidação das dívidas da empresa de R$ 1,475 trilhões (US$ 300 bilhões).
O grupo imobiliário, que já foi o maior da China, virou o símbolo da crise imobiliária que o país enfrenta há anos.
A liquidação envolve a venda dos ativos para pagar as dívidas e a nomeação de profissionais independentes para gerenciar o processo, substituindo executivos do grupo para tranquilizar os credores.
Um dos credores apresentou o pedido de liquidação da Evergrande em 2022 , mas o caso se arrastava na Justiça enquanto as partes tentavam negociar um acordo.
A Evergrande deveria discutir a proposta, obter uma opinião jurídica e consultar as autoridades chinesas, “mas nada disso aconteceu”, afirmou a juíza Linda Chan.
“Diante da óbvia ausência de avanços por parte da empresa para apresentar uma proposta de reestruturação viável (...) considero apropriado que o tribunal emita uma ordem de liquidação contra a empresa e assim a ordeno”, decidiu a juíza Chan.
Na sentença, Chan escreveu que os interesses dos credores seriam “melhor protegidos” se a empresa fosse dissolvida e agentes independentes pudessem administrar o grupo para fazer reestruturação.
O CEO da Evergrande, Shawn Sui, chamou a decisão do tribunal de “lamentável”. Após a audiência, o advogado que representa os credores da Evergrande disse que a empresa "é a única responsável pela liquidação”.
Crise imobiliária
O setor da construção e imobiliário da China já foi responsável por 25% do PIB do país.
O presidente Xi Jinping, no entanto, considera que o nível de endividamento da Evergrande e de outras empresas é um risco para a saúde econômica da China.
Desde 2020, o governo limitou o acesso das incorporadoras imobiliárias ao crédito, o que provocou uma onda de default.
Após o tribunal de Hong Kong determinar a liquidação, ações da empresa registraram queda de 20% na Bolsa de Hong Kong e as negociações de seus títulos foram interrompidas.
A decisão judicial, no entanto, não provocou um grande impacto nos mercados asiáticos em geral, com altas nas Bolsas de Hong Kong e Xangai.
Shane Oliver, analista da empresa de serviços financeiros AMP, considerou a decisão um “novo passo” na crise imobiliária chinesa.
“Não provocou a grande calamidade que muitos temiam, mas, ao mesmo tempo, também não solucionou”, disse.
“A crise imobiliária está longe de ser resolvida e permanece como um fardo para a economia chinesa”, concluiu.
Time de futebol
O Atlético venceu o Guangzhou Evergrande no Mundial de Clubes de 2013, no Marrocos
A Evergrande tinha uma ampla carteira de investimentos além da imobiliária, que foram se desfazendo com o acúmulo da dívida trilionária.
É o caso do time de futebol Guangzhou Evergrande, fundado em 1954 e comprado pela empresa em 2010. Durante sua gestão, o clube foi um dos times mais dominantes do futebol chinês na última década.
Com a participação de diversas estrelas do futebol brasileiro, o clube conquistou oito títulos da Super Liga Chinesa, duas Copas da China e duas Ligas dos Campeões da AFC.
No elenco, estavam jogadores que fizeram história no Brasil, como: Ricardo Goulart, Conca, Elkeson, Muriqui, Aloísio “Boi Bandido” (hoje no América), dentre outros. O atual treinador do Atlético, Felipão também comandou o time chines entre 2014 e 2017.
No Mundial de Clubes FIFA de 2013, no Marrocos, o Atlético enfrentou e venceu o Guangzhou Evergrande FC por 3 a 2, na disputa pelo terceiro lugar da competição. Os gols foram de Tardelli, Luan e Ronaldinho.
A imobiliária chinesa perdeu o controle sobre o time de futebol em 2021, durante a crise financeira que impedia de arcar com os custos do clube e o vendeu para um grupo de investidores.
O clube passou a se chamar Guangzhou FC e nova administração tem adotado uma postura mais conservadora, com gastos menores.
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