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Estados Unidos enviam por engano milhões de e-mails militares a país aliado da Rússia por erro de digitação

Devido a um erro de digitação no e-mail destinatário, os EUA enviaram por engano milhões de mensagens com informações militares ao país africano Mali

O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA, enviou e-mails sensíveis ao país errado por uma década

O governo dos Estados Unidos enviou por engano, durante uma década, milhões de e-mails com informações militares para o país africano Mali, aliado à Rússia. A confusão aconteceu devido a um erro de digitação na hora de adicionar o e-mail destinatário.

Os e-mails deveriam ser destinados ao domínio ”.mil”, dos militares americanos, mas foram enviados para o domínio ”.ml”, pertencente ao país da África Ocidental. O Mali é um país cada vez mais próximo do governo de Putin, desde que um golpe em 2020 derrubou seu antigo governo.

A história foi revelada pelo jornal Financial Times, que conseguiu conversar com um empreendedor holandês que, há mais de uma década, tenta contatar os Estados Unidos e avisar sobre o problema. Johannes Zuurbier trabalha, desde 2013, como gerente do domínio de e-mail Mali, e por isso tinha acesso à caixa de entrada, percebendo os e-mails enviados por engano pelos EUA.

Em julho de 2023, Zuurbier decidiu enviar uma nova carta às autoridades americanas. Desta vez, ele avisou que está preocupado, já que seu contrato com o governo de Mali está prestes a terminar, e por isso ele não conseguiria mais evitar que os e-mails do Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos EUA, fossem usados contra o país. Durante estes anos, Zuurbier conseguiu coletar dezenas de milhares de e-mais enviados erroneamente pelos Estados Unidos. Segundo ele, “existe um risco real que pode ser explorado por adversários dos EUA”.

A reportagem do Financial Times destacou que nenhuma mensagem era considera confidencial, já que as mensagens ultrassecretas americanas são transmitidas por um sistema separado, o que tornaria improvável que fossem acidentalmente enviadas.

Entretanto, advogados e especialistas que já atuaram no Pentágono e na segurança americana afirmaram à reportagem que mesmo informações aparentemente inofensivas podem ser úteis para adversários dos Estados Unidos, como a Rússia, especialmente se incluírem detalhes individuais de militares.

“Isso significa que um ator estrangeiro poderia começar a fazer dossiês sobre nosso corpo militar, para fins de espionagem, ou poderia tentar divulgar informações em troca de benefícios financeiros. O erro humano é de longe a preocupação de segurança mais significativa no dia-a-dia simplesmente não podemos controlar todos os humanos, a todo momento.” afirmou Steven Stransky, um advogado que já atuou como consultor sênior da Divisão de Leis e Inteligência do Departamento de Segurança Interna dos EUA.

Com a repercussão da história, o Pentágono se posicionou e disse que já está tomando as medidas cabíveis para resolver o problema.